terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Episódio 717: A menina dos olhos de Capeside


Em Capeside, o forte vento agitava os galhos das árvores naquela noite. O riacho fazia pequenas ondulações movimentando o bote atracado na doca dos Leery. De lá podia ser visto uma luz vindo da janela de Lily. As cortinas floridas dançavam com a forte brisa, mas lá dentro as duas crianças nada percebiam. Olhavam fixamente para a tv. O uivo do vento combinava com as cenas de suspense do filme, gerando repentinos tremores no pobre Alex e, consequentemente, altas gargalhadas na Lily.
Alex pula sentado ao escutar a porta do quarto se fechar sozinha por causa do vento. Lily também se assusta um pouco, mas logo se recupera e, em seguida, começa a rir do amigo. Ele reage fazendo cara de zangado e se levanta do chão deixando cair o resto da pipoca que repousava no pote em seu colo.
Alex: - Viu só o que você me fez fazer?! – aponta para a sujeira do chão.
Lily: - Eu? – ainda rindo e se levantando também. – Que culpa eu tenho de você ser tão medroso, desastrado e divertido? – falou isso olhando o amigo se ajoelhar para juntar as pipocas espalhadas no chão. Como ele não responde, ela percebe que ele ficou realmente zangado, e vai ajuda-lo com a limpeza. – Ah vai, Alex... desculpa, tá bem?
A: - Tudo bem, tudo bem. Já me acostumei com seu senso de humor. – Olha para a amiga e mostra um sorriso escondido num rostinho chateado. Lily olha sorrindo maliciosamente e cutuca a barriga do amigo. Isso faz ele soltar uma risada. – É guerra que você quer? – Lily não responde, apenas continua com o sorriso e o olhar insinuador. - Então é guerra que você terá! – Ataca a garota fazendo-lhe cócegas sem parar.

Abertura de Dawson’s Creek – 7ª temporada. Música: I don’t want to wait.

Andie: - Olhe só como ela fica radiante nessa agitação! – faz essa observação ao Jack enquanto empurra o carrinho de bebê onde a Amy está sentada e caminha junto com o irmão pelo pavimento de acesso ao portão de desembarque do aeroporto de Capeside. Jack, que estava ocupado, procurando alguma coisa no bolso, olha encantado para a afilhada e faz carinho em sua linda cabecinha loira.
Jack: - Essa é a minha pequena garota de Nova Iorque!
A: - E por falar em Nova Iorque, olha quem vem vindo alí... – nesse momento a vó e a mãe da Jen aparecem com o carrinho de bagagem. As duas caminham lentamente ao encontro do trio que as esperava animadamente do outro lado do pavilhão lotado.
Jack dá um afetuoso abraço na Senhora Ryan enquanto Amy se joga para os braços da Senhora Lindley.
Vó: - Oh querida, como você está crescendo depressa! – exclama admirada com o tamanho da Amy.
J: - Impressão sua vó. Acho a Amy tão pequena para a idade dela.
V: - Oh não, meu filho! Ela está bem diferente desde a última vez que a vi. E meus olhos cansados têm experiência para notar cada pequena mudança.
Sra. Lindley: - Além disso, vocês a veem todos os dias por isso não percebem a diferença.
A: - Se bem que...
J: - O que, Andie? – olhar zombeteiro para a irmã.
V: - Diga minha filha. – encoraja ela contra a brincadeira do Jack.
A: - Eu tenho notado... ainda não sei bem o que, mas algumas mudanças na fisionomia da Amyzinha.
Sra. L: - O que por exemplo?
Eles já caminhavam em direção ao estacionamento do aeroporto.
A: - A Amy está ficando menos parecida com a Jen. Não sei bem, talvez os olhos. Mas não podem ser os olhos, porque seus olhinhos são familiares demais.
V: - A minha bisnetinha tem um pai, não vamos esquecer disso, querida. Não poderia ser somente a imagem reproduzida da Jen, não é?! – ela sorri amorosamente para a criança e segura firme a mãe da Andie.

Enquanto isso, Dawson chega ao Ice House e encontra a Katie no balcão despachando um casal.
Dawson: - Licença, você poderia chamar o Pacey, por favor?
Katie: - Sim, eu posso. Qual o seu nome, senhor?
D: - Dawson. Dawson Leery. – pequeno sorriso.
K: - AI MEU DEUS! O senhor é! – aponta para o cartaz do “The Creek” que está pregado logo acima.
D: - Anrram! – achando graça, arqueando uma sobrancelha e sorrindo um pouco tímido, mas orgulhoso.
K: - Ah! Meu deus! – andando de costas, esbarrando nos copos, até chocar com o chefe que já havia saído da cozinha e chegado ao encontro deles. – Ops! – ela se vira para olhar em quem bateu. – Me desculpe, Senhor Witter. É que...
Pacey: - Tudo bem, Katie. Fique calma, garota. – segura a garota nos ombros. – Porque não vai alí na mesa 3 e vê o que o “Seu Barriga” quer para comer?!
K: - Sim Senhor! – sai desconcertada, enquanto o Dawson ri todo bobo.
P: - Aê, galã! Ganhando todas as high schools da cidade! A Katie não pára de me perguntar sobre você, desde que aquela Morgan falou... você sabe... sobre aquele dia lá.
D: - Menos, Pacey, por favor! Nem me lembre disso. – franzindo a testa, mas rindo ao lembrar do acontecido.
P: - Ok! Mas vai negar que gostou, hm? – dá uma palmadinha no braço do amigo, com um sorriso irônico. – vê Dawson levantar as duas sobrancelhas e sorrir, olhando um pouco para o lado. – HAHA!
D: - Está tudo pronto? – mudando de assunto.
P: - Prontíssimo, meu chapa. A propósito, quanta gente vai nessa festa? Sua mãe convidou a população inteira da cidade?
D: - É, eu sei... mas sabe como é a Gale! Além disso, criança como muito e se os amigos da Lily forem como você era... tem motivo terem encomendado tanta comida assim.
P: - Ah... isso é verdade. – sorriso zombeteiro – Vamos lá, eu te ajudo a carregar tudo isso. – olhando para as caixas cheias de comida. – Onde está seu carro?
D: - Logo alí na frente.

Algumas horas depois. As crianças correm pelo jardim, aos poucos os convidados da Lily chegam e logo se dispersam ao redor da casa. Os balões coloridos alegram dando ainda mais vida à atmosfera de frente do riacho. Harry está preparando os hambúrgueres na churrasqueira, conversando com dois pais de alguns dos amigos da enteada. Gale recebe as mães e orienta alguns jovens funcionários do Ice House que vieram ajudar a servir os convidados.
Susan: - Fique calma, garota!
Katie: - Eu não consigo! – elas estão enchendo os copos com refrigerante e arrumando em bandejas na cozinha da casa. – Se o Senhor Witter descobre que você está aqui se passando por uma funcionária dele, eu perco meu emprego na hora!
S: - Relaxa! E bico fechado, vem vindo alguém aí.
Gale: - Hmmm, aí estão as mocinhas com as bebidas! – fala enquanto entra com duas crianças eufóricas. – Meninas, por favor, deem algo para essas duas aqui, ou elas acabarão com a água do lago lá da frente. – as menininhas riem bastante e recebem copos cheios de soda limonada.
S: - Com a sua licença, Senhora Leery, nós já vamos indo lá para fora.  – sorri ironicamente para a Gale, e sai da cozinha carregando uma bandeja numa mão e puxando a Katie pelo braço com a outra.

Nesse momento, lá fora, Andie chega na frente da casa com a Amy em seus braços, junto com a Senhora Ryan, a Senhora Lindley, o Jack e o Doug. Dawson aparece para recebe-los. Andie ganha um beijo do namorado e logo depois é surpreendida com o pulo que a pequena Amy dá em direção aos braços do Dawson. Ele a segura, sorrindo e um pouco assustado.
Dawson: - Ei... tudo bem com você? – fala com a garotinha, cumprimentando sua mãozinha. – Ela dá um lindo sorriso para ele e o beija a bochecha. Em seguida, estira os braços para Andie meio tímida, que a pega de volta atônita. Dawson fica sem graça, mas sorrindo ainda, olha para a vó e continua. – Sra. Ryan, Sra. Lindley... quanto tempo! Como vão?
Vó: - Ô, querido... eu estou como você pode ver: velha!
Sra.: - Mamãe! – a repreende.
D: - A Senhora está ótima. E vamos entrar, minha mãe reservou um lugar para vocês no terraço. Vamos... – dá uns tapinhas nas costas do Jack encaminhando o grupo. – E aê cara, como tem passado? Doug! – Acena com a cabeça para o irmão do Pacey.
Doug: - Dawson. – responde, acenando de volta.
J: - Vai tudo bem, você pode imaginar. Colegiais, fraudas, sua namorada... a vidinha de sempre. Mas e você? Resolveu ficar de vez aqui em Capeside?
D: - Bem que eu queria. Mas não. Vou voltar logo para Los Angeles. Fazer filme, você sabe... a vidinha de sempre. – sorri e mostra a mesa deles.
J: - Obrigado. Vó... – puxa uma cadeira e ajuda ela a sentar.
Enquanto todos se acomodam, Lily chega correndo e esbarra no Dawson, chamando a atenção do irmão e da Andie que ainda está de pé ao lado do namorado.
Lily: - Amyyyyy! – faz festa ao vê-la. – Andieeee! – abraça as duas ao mesmo tempo, eufórica.
A: - Feliz aniversário, Lily! – alisa o cabelo da menina. – Festa animada, hm?!
L: - Sim! E que bom que vocês vieram.
D: - Lily, venha aqui conhecer a vó e a bisavó da Amy. – segura os ombros da irmã e a encaminha para junto das duas senhoras, que a recebem com sorriso, e lhes entregam duas caixas embrulhadas com papel colorido.
L: - Muito prazer. E muito obrigada. – olhando para o tamanho das duas caixas com os olhos arregalados, sorrindo e já pedindo licença, sai correndo para dentro da casa.
D: - Bom, vou chamar minha mãe. Ela tá ansiosa para revê-la, Sra. Ryan. Andie você vem comigo?
A: - Vou sim, coração.

Susan: - Lá está ele, olhe! – aponta para Dawson que acabava de entrar em casa.
Katie: - Estou vendo, estou vendo. – distribuindo copos cheios para uma dúzia de criança ao redor delas. – Mas dá para você me ajudar, por favor?! Até agora eu não entendi qual é essa sua ideia de vir aqui espiar a vida do Dawson Leery. – recebe um olhar indignado da amiga.
S: - Ah, qual é, Katie. Qual parte do “eu quero ele para mim” que você ainda não entendeu? – EI! NÃO PUXA MEU CABELO – grita com um menino mais agitado.
K: - Su, por favor! – repreende a garota tentando fazê-la não chamar atenção. – Já estou arrependida de ter te trazido, sério! Esquece esse homem. Ele não lembra nem que você existe e além disso...
S: - Além disso o que, desembucha.
K: - Você não é a sabe-tudo da série dele?  Então, deve saber que se ele fosse trocar a namorada atual por outra garota, seria pela Sam... quer dizer, aquela moça que namorou o Senhor Witter... Não-sei-quem Potter.
S: - Ah, a Joey? Bem, ela pode ser mais um obstáculo, mas ouvi falar que o Dawson não quer mais nada com ela, então... a área tá limpa para mim?
K: - Limpa? Você é louca garota! Agora esquece isso e vamos pegar mais bebida na cozinha, as bandejas já estão vazias.

Lily: - Alex! Alex! – sobe as escadas de casa e vai correndo em direção ao seu quarto, onde encontra o amigo jogando no seu vídeo game. – Olha só o que eu ganhei! – mostra para ele um dvd do filme Edward Mãos de Tesoura.
Alex: - Que demais! – fala depois de pausar o jogo. – Quem te deu?
L: - A Amy. Na verdade, foi a Andie que comprou, porque eu tinha falado para ela outro dia o quanto queria esse dvd. A vó da Amy me deu um brinquedo de criança, era uma caixa tão grande e eu fiquei tão animada, mas no final o melhor presente foi o da Amy. Você quer ver agora?
A: - Agora? E o meu jogo? E sua festa lá embaixo?
L: - Ah, se nem você quer descer! Qual a graça de ficar lá embaixo sem você? Além disso, o Dean não para de me perseguir. E você sabe como aquele garoto é chato!
A: - Ah, sim! Tudo bem... se você prefere ver o filme, mas se sua mãe subir vai dar uma bronca na gente!
L: - Não esquenta, bobo. A gente desce na hora do bolo... antes disso ninguém vai nem dar por nossa falta.
A: - Anrram... – olhar sarcástico. – Porque ninguém lembra da aniversariante, e tudo mais. – Lily senta ao seu lado na cama e dá o play no filme, nem dando atenção ao que ele fala. Ele se resume a olhá-la sorrindo, afinal, de toda a animação lá de baixo, ela preferia ficar alí com ele.

Andie: - Então, quer dizer que a Joey não vem mesmo?
Dawson: - Sim, e pode parar de disfarçar a alegria.
A: - Nada a ver. – sorrindo – Eu não tenho nada contra a Joey, você sabe.
D: - Anrram, assim como eu não tenho nada contra o Pacey. – sorri de lado para namorada, andando ao seu lado pela doca ensolarada.
A: - É diferente!
D: - Tá bom!
A: - E por falar nele... o Pacey também não vem?
P: - Não sei. Ele me ajudou mais cedo com a encomenda das comidas e falou que viria, mas até agora não deu sinal.
A: - Será que...
D: - Que ele tá com a Joey? Não, não. A Joey não veio porque quis aproveitar mais um pouco a Audrey lá na Califórnia. É última semana da turnê dela por lá. Se bem que, a Joey preferir a Audrey a seu velho clubinho do interior é uma coisa estranha mesmo de se imaginar.
A: - Vai ver tem outro motivo para ela preferir ter ficado em L.A. – fala sorrateiramente.
D: - Que outro motivo? Tá sabendo de alguma coisa que eu não esteja sabendo ainda, Andie?
A: - Não Dawson!
D: - O que é? – olha para consultar melhor aquele tom mais sério da namorada. – Isso é ciúme? – rindo do jeito dela olhar para o riacho.
A: - Eu? Com ciúme? – fala com um tom zombeteiro, mas ainda um pouco sarcástica. – Da Joey? Nunca, coração. – o envolve pelo pescoço com seus braços e sorri, juntando as sobrancelhas, franzindo os olhos.
D: - Anrram! Eu sei. – sorri, achando graça, e vai aproximando seu rosto ao dela, segurando o quadril da namorada e a trás para perto do seu corpo, roça seu nariz no dela e dá um selinho, parando para olhá-la nos olhos e sorrir novamente, para finalmente beijá-la.
No meio do beijo, Doug vem correndo pela doca com a Amy no braço, o som de suas passadas e a própria vibração da doca chama a atenção do casal, que só desviam seus olhares deles mesmo, realmente, quando Doug fala.
Doug: - Andie! – para próximo ao casal, ofegante com a pequena corrida.
A: - O que foi Doug? – olha para ele assustada.
Doug: - A vó! Digo, a Sra. Ryan... passou mal e foi levada direto para o hospital com o Jack e a filha dela.
A: - Oh!
Doug: - Eu estou indo para lá agora, eu vim buscar você para ir comigo!
A: - Claro! Claro! Vamos depressa!
Doug: - E a Amy? Melhor não levarmos!
Dawson: - Eu fico com ela. – recebe a menina dos braços do Doug e segura firme a mão da Andie. – Não se preocupe, eu vou cuidar bem dela. Agora vá e telefone para mim assim que tiver notícias.
A: - Obrigada, meu amor! – aperta a mão dele de volta e tenta dá um sorriso para Amy.
Dawson: - Agora vá! Corra!
A: - Certo! Tchau! – e vai correndo pela doca junto com o Doug, enquanto Dawson acalmar a pequena e assustada garotinha no seu colo.

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