terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Episódio 701: A volta dos que não foram


Passou-se um ano desde o casamento da Gale. A imagem de uma casa num condomínio fechado aparece. A casa é térrea e pintada de branco. Apesar de ser em LA, a casa não tem design moderno. Ela é bem tradicional, entrando em contraste com as outras da vizinhança.
Em seguida aparece o interior de um dos quartos dessa casa. - close na televisão - Está no canal de séries, mas está no intervalo comercial.
Seguindo o som de um longo ronco a câmera gira em direção a cama que está em frente à tv. Lá está o Dawson dormindo profundamente.
O telefone celular, que está do lado direito da cama, toca e ele desperta depois de alguns segundos. Pega o telefone e olha para telinha para verificar quem estaria telefonando para ele naquele momento inoportuno.
Decepciona-se ao identificar o número da chamada. Atende ao telefone.

Dawson: - Oi, Richard. Algum problema?
Richard: - Dawson, nós precisamos conversar sobre sua decisão. Você não pode largar a série! Você é a alma dela...
D: Eu já estou decidido! Não suporto mais essa pressão. Não me sinto mais livre para escrever meu próprio roteiro. Do jeito que está não dá, cara. Você me conhece e sabe que eu não posso abrir mão da qualidade da minha série para uns patrocinadores medíocres que só pensam em vender camisetas e tênis.
R: - Mas é autobiográfica, se você largá-la como ficará a história, cara?
D: - Richard, você é um produtor criativo. Você consegue sem mim. Amanhã conversamos melhor, boa noite.

Dawson desliga o telefone e olha para a TV, que a essa altura já saiu do intervalo comercial e está começando a tocar a música de abertura de The Creek.

Abertura de Dawson’s Creek – 7ª temporada. Música: I don’t want to wait.

Imagem de um dos lagos de Capeside. Apartamento do Doug. Som do choro de uma criança. Doug aparece na cozinha preparando uma mamadeira. Jack chega com a Amy no seu colo aos berros. Ele está cantando uma canção de ninar para tentar acalma-la.

Doug: - Calma Amyzinha... você já vai comer, querida... não chore, por favor... assim você nos desespera.
Jack: - Ai Doug, termina logo essa mamadeira, vai...
D: - Prontinho, prontinho... tome querida. - ele coloca a mamadeira na boca da pequena Amy e olha sorridente para o Jack. - Não sei quem é mais dramático aqui, você ou a Amy.
J: - Desculpe, Doug... mas você conhece minha origem. Drama faz parte da minha vida. - sorri sorrateiramente e senta na poltrona da sala para continuar a dar a mamadeira da garotinha -
D: - É verdade, você e a turma do Pacey, sempre envolvidos em dramalhões. Os anos passam e vocês não mudam. - ainda na cozinha, lavando a louça -


A campainha toca. Doug enxuga as mãos e vai atender. Abre a porta e fica surpreso. Pacey, do lado contrário da porta, dá um grande sorriso irônico.

Doug: - Falando no diabo...
Pacey: - Maniiiinho... - abraça o irmão rapidamente e olha-o curioso - tava falando o que de mim? - entra no apartamento e vai logo largando a mala num canto da sala e indo em direção ao Jack, que observa tudo calado, apenas com um olhar amistoso – Jack, o que vocês falavam sobre mim, hein?!
Jack: - Pacey, que surpresa agradável, cara. Você em Capeside e a essa hora da noite... cadê a Joey? Aconteceu alguma coisa?
Pacey tira o sorrido da boca e faz uma expressão de desânimo. E então responde, olhando do Jack para o Doug.
P: - Brigamos outra vez. Não sei mais o que faço para agradá-la. Eu estou sempre me esforçando ao máximo, contratei um novo chefe de cozinha para o Ice (House) só para poder ficar com ela em Nova Iorque, administro tudo a distância, até alugo uns filmes toda sexta na tentativa de decifrar os enigmas da personalidade daquela mulher, mas ela só me enche de interrogações. Às vezes... – exita em falar, mas continua – as vezes penso em largar tudo e voltar para cá de vez, no entanto não consigo me ver feliz longe da Joey.
J: - Sinto muito Pacey. – olha para o Doug como quem pede ajuda –
D: - Érh... Pacey, você sabe o que eu penso sobre isso. A Joey sempre foi muita areia pro seu caminhãozinho, mas você é um homem de sorte por tê-la. Então não se preocupe, o amor de vocês é tão forte, tão intenso que não vai acabar por conta de pequenos detalhes...
Pacey olha para o irmão com um sorriso indignado e resmunga:
P: - Obrigado pela ‘força’, maninho. Mas você ouviu bem o que eu disse? Jack, você deve me entender melhor... sabe como é a Joey...
J: - Sei muito bem sim, Pacey. Mas olha só... relaxa, cara... seu irmão tem razão, vocês se amam tanto. Nada pode com isso.
D: - Mas o que você veio fazer aqui finalmente? Pra que essa mala? Você não fez mais alguma bobagem, fez?
P: - Bem, quase isso. Nós tivemos uma discussão muito feia essa manhã. Ela disse que tava confusa, pois o trabalho estava sobrecarregando-a e ela já não se sentia feliz na editora. Veio com aquela velha história de que estava meio perdida, sem saber o que fazer. Então eu resolvi dá um tempo para ela se acalmar, pensar no que deve fazer para melhorar as coisas.
J: - Ah, então fique aqui com a gente, Pacey. O tempo que quiser. – percebendo que a mamadeira da Amy já tinha acabado e que a garota já havia pegado no sono – Vou pôr a Amy no bercinho e preparar o quarto de visitas para você. Enquanto isso, coma alguma coisa, você deve estar com fome. Doug, ainda tem daquela pizza?
D: - Tem sim, querido. Vem cá, maninho encrenqueiro... – agarra-o pelo pescoço e encaminha-o à cozinha –

Dia seguinte. Em Nova Iorque, Joey está na sua sala de estar arrumando sua pasta do trabalho, enquanto espera os pães torrarem e o café ficar no ponto na cafeteira. Ela caminha até seu quarto apressadamente, depois volta para a sala colocando os sapatos ao mesmo tempo em que tenta abotoar sua blusa. Pára, lembra de algo e dá aquele sorrisinho meia boca que costumar dar quando se sente amparada. Pega o celular, disca algum número enquanto vai a cozinha tomar seu café da manhã. Alguém atende o telefone do outro lado da linha.

Dawson: - Heeey, você!
Joey: - Oiiii, como vai o queridinho do Spielberg?
D: - Ah, Jo... estou numa berlinda. Meu dia vai ser dureza hoje. Ando tão angustiado com uns probleminhas na W.B.
J: - Dawson Leery, você não pode ficar assim justamente HOJE, entendeu?
D: - HOJE? Por quê?
J: - Não me venha com suas brincadeiras, Dawson! Hoje é dia de você receber mil telefonemas e a noite receber os amigos em casa para comemorar.
D: - Telefonemas o dia todo eu já recebo e são sempre do Richard. Festinhas a noite é que é mais difícil, mesmo vivendo em Hollywood. Mas peraí... MEU DEUS... eu tinha esquecido por um momento! Meu aniversário! Jô, você foi a única que lembrou!
J: - A única até agora... ainda são nove da manhã! Eu sei que você está muito ocupado e cheio de problemas, mas hoje é sábado e sabe de uma coisa? Eu estou com uma passagem sobrando e um domingo de folga... então pensei em dar uma passadinha em LA para rever meu melhor amigo.
D: - JURA?
J: - Anrram...
D: - Então, vou ter que adiar a reunião com os produtores de arte do meu próximo filme...
J (interropendo-o): - Aquele que o Spielberg escreveu o roteiro? Sobre os lunáticos?
D (sorrindo): - Isso, esse mesmo!
J: - Não precisa desmarcar sua reunião. Não quero te incomodar. Vou com você e te espero na recepção. Depois nós podemos ir jantar. Combinado?
D: - Perfeito! A gente se encontra amanhã pela manhã, posso te pegar no aeroporto. – lembra de algo – Mas peraí! E o Pacey? Vem junto?
J: - Ah, Dawson... – meio triste – o Pacey não está aqui, ele teve de ir a Capeside resolver umas coisas no Ice.
D: - Hum... entendo.
J: - Até manhã, Daw. Que seu dia seja repleto de surpresas.
D: - Obrigada, Joey... ele já teve uma! – desliga o telefone, sorri olhando pra o aparelho –

Em Capeside. Pacey levanta e ainda com o rosto marcado pelo travesseiro chega na sala e encontra o Jack se preparando para sair.

Pacey: - Onde está o Doug?
Jack: - Ele já saiu. Foi levar a Amy para a creche e depois vai a delegacia trabalhar.
P: - Irh, a Amy, cara! Ontem eu estava tão abalado que nem pude dar atenção devida a ela. Como ela está?
J: - Nossa, Pacey... ela é demais. A garota a cada dia se parece mais com a mãe. Eu a pego às vezes dando um sorriso que aperta meu coração. Os olhinhos, a boquinha, o cabelo, tudo cara! Tudo lembra a Jen!
P (sorrindo): - Isso é bom. Sinto falta daquela pequena... sinto falta da nossa amizade... sinto falta de tanta coisa...
J: - Eu também, cara. Capeside não é mais a mesma do nosso tempo. Metade de mim foi embora com a Jen. Mas graças a Deus eu tenho a Amy, o seu irmão, a vó e logo mais terei mais uma pessoa especial aqui comigo!
P: - A propósito, como está a vó?
J: - A saúde não está muito boa, sabe. Mas lá em Nova Iorque ela tem a filha e toda uma rede de médicos com quem ela pode contar. Você morando lá, tão perto dela... poderia ir visita-la qualquer dia.
P: - Verdade, tantos problemas que até esqueci disso. Mas vou a casa dela assim que voltar para o apartamento. Isto é, se a Joey ainda me quiser!
J: - Pacey, não começa...
P (sorri): - Ah, e quem é essa outra pessoa especial que você falou?
J (sorrindo também): - Ah, surpresa!
Pacey sorri, Jack se despede dele e sai para trabalhar.
Horas depois Pacey aparece no Ice House. Ele está no caixa recebendo o dinheiro da cliente da mesa oito quando algo lá fora chama sua atenção. Ele termina de atender e vai até as mesas da área externa do restaurante. É quando ele reconhece aquela pessoa que está ali bem de frente para ele. Com um grande sorriso ele fala.
Pacey: - Heeey, o que você está fazendo aqui?
Andie: - Paceey, suas palavras de ‘boas vindas’ são sempre assim comigo? O Policial Pacey foi até mais receptivo anos atrás! – ela sorri e o abraça – Estou aqui para ver o Jack. Temos que formalizar a partilha dos bens que nosso pai deixou de herança. Desde sua morte, há cinco meses não havia tido tempo para vir aqui resolver a papelada com o Jack, então como estou de férias aproveitei a oportunidade e aqui estou!
P: - Sinto muito pelo seu pai, eu soube por telefone pelo Doug. Mas você está tão linda quanto a última vez que nos vimos. Nossa Andie, você me surpreende! - pega na mão dela e a faz dar uma volta 360º - Uma linda mulher!
A: - Paceey... – sorri –
P: - Você vai encontrar o Jack agora ou tem tempo de almoçar comigo?
A: - Acho que vamos almoçar juntos sim. Mas em quarteto, pois marquei com seu irmão e com o meu exatamente aqui. Ou você acha que eu estava na frente do seu restaurante para espioná-lo?
P: - Huuum, bem que eu iria me sentir honrado, senhorita Sherlock Holmes! Ou devo dizer, senhora Sherlock Holmes?
A: - Senhorita, por enquanto! – sorrir timidamente –
P: - Ok. Então você é a surpresa do Jack!

Jack e Doug chegam nesse momento de mãos dadas e cumprimentam os dois. Nesse mesmo momento Gale passa pela rua e pára o carro ao lado deles.

G: - Garotos! Que surpresa oportuna encontrar vocês todos juntos! Estou indo visitar o Dawson em LA com a Lily e o Harry e como é o aniversário dele acabei de ter a idéia de convidar vocês para irem comigo. Que tal?
Jack: - Gale, que bom encontra-la também. Nossa, aniversário do Dawson... como pude não lembrar! Desculpe-me, mas com tantos gastos estou sem dinheiro o suficiente para comprar quatro passagens de ida e volta para LA.
Doug: - Verdade, Gale... estamos meio duros agora. Mas ligaremos para o Dawson logo mais.
Andie: - Esperem! Tenho umas passagens extras que dá para duas pessoas, posso doar para vocês.
J: - Andie, duas passagens não dá para mim, o Doug, a Amy e você!
Pacey: - E eu, ou estão me excluindo?
Todos riem. Jack continua...
J: - Tudo bem... para mim, o Doug, a Amy, você e o Pacey! Esperem um pouco... tive uma idéia! Vá você e o Pacey! Seria uma surpresa maravilhosa para o Dawson que não a vê há tanto tempo. E uma oportunidade do Pacey fazer um passeio e esfriar a cabeça, pensar na vida...
P: - FECHADO.
Andie olha para Pacey com ar de quem vai contestar, mas ele tapa a boca dela antes que ela comece a falar. Todos riem e combinam o horário da partida.
Horas se passam. Já é noite e Dawson ainda está no escritório. Ele está numa mesa de frente para o Richard. Os dois com ar de preocupação.

Dawson: - Não se preocupe, os roteiristas estão bem encaminhados. Já dei algumas instruções a eles. Vão continuar a história devidamente se você os guiar pelo meu mapa. Só não posso voltar atrás, Rich.
Richard: - É, Dawson... ainda não encaro como decisão definitiva essa sua idéia de largar o comando de The Creek. A sua vaga jamais será preenchida de modo que a qualquer momento você pode voltar para cá. Espero que o Spielberg não esteja te influenciando até nessa hora.
D: - Ok, mas por enquanto minha decisão está tomada. E o Spielberg me influencia desde a infância, você ainda questiona se ele continua me influenciando? Logo agora que trabalhamos juntos?! Preciso ir, depois você me manda os papéis que preciso assinar.
Dawson se levanta, pega sua pasta e caminha até a porta. Richard gira a cadeira e fala:
R: - Dawson...
D (olha para trás): - Algum problema ainda, Richard?
R: - Feliz aniversário!
D (sorrindo): - Obrigado.

Dawson pega o elevador e começa a lembrar que apesar de ser seu aniversário de vinte e seis anos ele estava se sentindo um velho solitário. Apenas a Joey havia ligado para ele neste dia. Nem sua mãe! Mas a imagem da Joey veio a sua mente e ele se pôs a imaginar o dia de amanhã. O domingo teria de ser muito melhor que aquele sábado amargo. O elevador indica a chegada ao subsolo. Dawson entra no seu carro e dirige até sua casa. Chegando lá abre a porta e ao acender a luz da sala se surpreende com um coro que grita...

Harry, Lily, Gale, Andie, Pacey e Joey: - SURPRESAAAAAAAAA…




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