terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Episódio 715: Eles vivem entre o céu e o espaço


Los Angeles, madrugada fria. Depois do restaurante, Dawson chega em casa com Andie adormecida em seus braços. Ele acende a luz da sala e segue até seu quarto. Deita a namorada na cama e a observa por algum tempo. Ela dorme encantadoramente, como uma criança feliz e cansada de um dia cheio de aventuras. Então, ele lembra de cobri-la com um cobertor mais quente. Vai até o guarda-roupa e ao abri-lo encontra Joey sentada lá dentro. Ele tenta ficar bravo e reclamar, mas a cena é cômica demais para algum tipo de raiva. Olha de volta pra Andie, ela continua em sono profundo. Faz um sinal à Joey para que ela não faça barulho. Pega o cobertor de malha grossa, cobre Andie e a beija suavemente.
Dawson volta à porta do guarda-roupa e encara Joey. Ela apenas enxuga o rosto molhado das lágrimas, e continua calada, esperando ele falar alguma coisa. Mas ele não fala nada, simplesmente pega uma caixa numa prateleira superior do guarda-roupa, abre e tira uma coisa de lá. Entrega o E.T. de pelúcia para a Joey, senta de frente pra ela lá dentro e fecha a porta do guarda-roupa.
Dawson: - Telefone?
Joey: - Casa! – com a voz tremida por ter chorado, mas satisfeita, por se sentir reconfortada naquele lugar, com aquela situação tão familiar e acolhedora. – Me desculpe por hoje, Dawson.
Dawson: - Ok!

Abertura de Dawson’s Creek – 7ª temporada. Música: I don’t want to wait.

Capeside, dias depois, cedo da manhã. Andie chega no prédio. O porteiro entrega as correspondências. Um dos envelopes, o maior deles, é para o Pacey e tem o brasão da Universidade de Capeside. Andie corre até o elevador e sobe desesperada. Abre a porta do apartamento, chamando (ou melhor, gritando) pelo amigo.
Andie: - PAAAAAAACEY! PAAAAAAAAACEEEEEY! – procurando. Entra no quarto e pula na cama. – Acorda, acorda, acorda! – cutucando o homem de pedra.
Ele começa a abrir os olhos, preguiçoso. Espreguiça-se, e faz cara feia pra ela.
Pacey: - O que é, sua doida?! – desviando das mãos dela e tentando sentar.
Andie: - Opa! Doida não! – pára de repente.
P: - Tá certo! – rindo um pouco. – Esqueci, esqueci...
A: - Tudo bem. – revira os olhos e balança a cabeça, voltando a rir empolgadamente.
P: - Pronto. Agora você tem que me dizer por que tá querendo me matar do coração!
A: - Adivinha o que estou segurando aqui atrás. – escondendo o envelope nas costas.
P: - Ah meu Deus! – ansioso.
A: - “TCHAN-RAAN!” – mostra o papel pra ele.
P: - Ah meu Deus! – toma o envelope das mãos dela e começa a abrir rapidamente. Ela espera ele ler, apreensiva. – Eu fui aprovado! – em choque, sem reação.
A: - Ah meu Deus! – radiante. – Você conseguiu Pacey!
P: - Eu consegui! – levanta. – Eu vou pra faculdade, McPhee! – puxa ela e a suspende num abraço giratório.

Em outra parte de Capeside, no B&B Potter’s.
Alex: - Mãe, eu já posso usar o barco da tia Joey pra ir a casa da Lily?
Bessie: - Essa pergunta outra vez, filho? Quantas vezes a mamãe vai ter que dizer que você ainda é muito pequeno pra usar aquilo?! É perigoso!
Alex: - Mas mããããe! – choromingando.
Bessie: - Eu já falei NÃO, Alex! – reclamando.
Ele vai para o quarto resmugando.
Bessie: - Eu estou ouvindo, seu mal criado! – grita da cozinha.

Alex foge pela janela e corre para a pequena doca, entra no barco e rema em direção ao outro lado do riacho. Lily o espera em pé na sua doca, de braços cruzados aparentemente com raiva. Alex a vê e percebe sua expressão zangada.
Lily: - Olá “Papaleguas”! – sarcasticamente.
Alex: - Desculpa. Mamãe estava implacável hoje.
Lily: - Tudo bem. Vamos logo, sobe aqui. – o ajuda a subir na doca e os dois correm pelo jardim até a garagem dos Leery. Lá descobrem a velha escada e juntos tentam tirá-la do lugar. Mas logo na primeira tentativa um pequeno desastre acontece. A escada choca-se com uma estante de onde caem algumas caixas. As duas crianças se olham assustadas e ao mesmo tempo preocupadas com a bronca que levariam da Gale.
Eles soltam a escada no chão e vão direto para as caixas. Tudo que havia dentro delas estava espalhado ao redor deles. Eram coisas velhas: antigos casacos, objetos surrados, e fotografias. Os dois examinaram tudo e ficaram curiosos quando encontraram fotos de desconhecidos. Nesse momento, Gale entra correndo na garagem e encontra Lily, Alex e a bagunça.
Gale: - Crianças, vocês estão bem? – ofegante
Lily: - Calma mãe. Não aconteceu nada, ok?!
G: - Nada? E que barulho foi aquele? Olha só essas coisas todas no chão...
Alex: - Nós viemos pegar a esca... – Lily tapa a boca dele rapidamente e completa a frase.
L: - ... a esPAda de Jedi que o Dawson falou que tinha guardado aqui, mãe. Mas a gente não tá conseguindo encontrar.
G: - Vai ver é porque o seu irmão nunca teve uma espada de Jedi.
L: - Ah não? Jurei que ele tinha dito o contrário!
G: - Você pensa que me engana, Lily?!
A: - Senhora Leery... – levanta e vai até ela. – Quem são esses? – mostra uma fotografia.
Gale contempla a fotografia por um instante, lembrando do passado, quando o Mitch ainda estava lá com ela e o Dawson. Lembra que foi ele o autor daquela foto, e da grande maioria das outras que estavam espalhadas pelo chão da garagem.
L: - Vai mãe, responde!
G: - Ah! – volta ao presente. – Então Alex, Lily, esse garoto aqui é o Dawson aos quinze anos de idade. E essa é a sua tia Joey, Alex.
A: - Uau!
L: - E os outros?
G: - O garoto moreno com roupa de monstro é o Pacey.
A: - E a garota bonita de cabelo amarelo?
G: - Essa é a Jen.
L e A: - Jen? Quem é essa?
G: - Bom, sentem aqui crianças. – os três sentam juntos, do lado das coisas. – Vocês lembram da pequena Amy? – ambos fazem sinal positivo com a cabeça. – Ela mora com os padrinhos: o Jack e o Doug, ok?
L e A: - Ok!
G: - Mas ela teve uma mãe e um pai. E tem uma avó e uma bisavó, que moram em outra cidade. O pai da Amy eu nunca conheci, mas a mãe dela morou aqui em Capeside. Ela foi nossa vizinha por um bom tempo. Ela era muito amiga do Dawson, da Joey e do Pacey. E é ela a garota bonita de cabelo amarelo dessa foto, Alex.
A: - Nossa! Ela é a moça que desmaiou na festa do seu casamento, Senhora Leery?
G: - Sim.
A: - Nossa, eu lembro! Ela está morta! – desanimado.
L: - Que história triste! – quase chorando. – A Amy é uma órfã! Eu vi, naquele filme, o que aconteceu com a garota órfã. Ela se tornou uma garota má.
G: - Lily, calma! Não fique assim! – a abraça. – Viu só o que dá ficar assistindo filme que não é indicado para sua idade? – alisa o cabelo dela e conclui. – A Amy não será má, porque ela tem muitos amigos que a amam, e que nunca a deixarão sozinha.
A: - É verdade, Lily! Eu, por exemplo, adoro brincar com ela.

Em Los Angeles. Dawson chega em casa e encontra Joey deitada no sofá, lendo.
Dawson: - Oi.
Joey: - Oi. Então, como é que foi tudo lá? – senta curiosa e tira os óculos de leitura.
D: - Deu tudo certo na entrevista coletiva. O Spielberg me deixou responder quase todas as perguntas. Incrível como correu tudo bem. Meu nervosismo foi em vão.
J: - Ah Dawson, isso é ótimo! Mas realmente aquela sua aflição “pré-coletiva” foi algo desnecessário. Eu tinha certeza que você se sairia bem.
D: - Você geralmente confia demais em mim. – sorrindo.
Joey revira os olhos sorrindo também.
D: - Mas e então... além de ler Jane Austen, o que pretende fazer essa noite?
J: - Ler outros livros. Preciso estudar para a prova de História da Arte. Melhor do que fazer desenhos de frutas.
D: - Quer dizer que vou sozinho a estréia do filme?
Ela levanta uma sobrancelha e sorri maliciosamente pra ele afirmando que sim.
D: - Ah, vamos lá, Joey. Vai trocar de roupa.
J: - Uh... tudo bem, eu vou! – levantando do sofá. – Mas é só porque eu sei que o Spielberg vai estar lá! – sorriso brincalhão.

Na mesma noite em Capeside, Andie acaba de largar do trabalho e encontra Pacey dentro de um carro no estacionamento do hospital. Ela se surpreende. Ele sorri para ela. Ela vai até a janela do carro dele.
Andie: - Tá fazendo o que aqui?
Pacey: - Entra no carro, McPhee.
A: - O que? Por quê?
P: - Noite de comemoração. Vamos lá, entra logo! – animado.
Ela ri entusiasmada. Entra no carro e senta do lado do Pacey.
A: - Onde iremos, senhor Universitário?
P: - Boa pergunta. Não faço a menor idéia.
A: - Panquecas?
P: - Ok, sou pró-panquecas!
Liga o carro e dá partida, fazendo barulho com os pneus. Andie grita e ele faz careta com a dor aguda que a voz dela provocou.

Dawson e Joey chegam ao espaçoso terraço da entrada do miniteatro onde o filme será pré-lançado. Os seguranças permitem que entrem assim que Dawson mostra seu cartão de acesso. Logo mais adiante encontram a equipe técnica que produziu o filme. Dawson apresenta Joey a todos; ela é bastante simpática, mas somente quando avista o Spielberg é que fica satisfeita. Eles caminham até ele e o cumprimentam. Spielberg recebe toda cortesia que a Joey é capaz de dar a alguém como ele e logo em seguida apresenta seu assistente, John, um jovem rapaz de 25 anos. Joey achou que ele não estava muito a vontade ali, pois não sorriu em nenhum momento. Algum tempo depois, chegou a hora de todos sentarem nos seus lugares para a exibição do filme. Spielberg sentou num dos lados de Dawson e Joey no outro. Ela percebeu e estranhou a ausência do John. Assim que as luzes apagaram e a primeira cena deu início, Joey chamou o Dawson silenciosamente.
Joey: - Muito estranho esse assistente do seu chefe. – cochichando.
Dawson: - Por que você está dizendo isso? – sem tirar os olhos da tela.
J: - Não finja que não percebeu. Ele não está aqui na sala e mal conversou lá fora.
Dawson olha ao redor discretamente, procurando o John. Não encontra; olha para Joey franzinho levemente as sobrancelhas.
D: - Estranho! – e volta a prestar atenção no filme.
Joey dá mais uma olhada ao redor, em vão. E, finalmente, começa a assistir o filme.

O filme termina, todos aplaudem e vão ao encontro do diretor, produtor, atores etc para parabenizá-los. A festa começa no salão do teatro, Dawson deixa Joey esperando enquanto é levado por um conhecido a outro lado do salão para falar em particular.
Lucas: - Dawson, eu tenho uma grande proposta para você. A minha produtora está precisando de alguém que dirija o pessoal, que tenha uma visão clássica e ao mesmo tempo inovadora, criativa. Ou seja, você! Hollywood vai cegar suas idéias, cara! Tá na hora de sair de debaixo das asas do Spielberg e começar a fazer cinema de verdade.
Dawson sorri da atitude preocupada do amigo. Pega dois drinks da bandeja de um garçon que vai passando por ali naquele momento, olha pro Lucas por uns segundos, pensativo, então responde.
D: - Olha, Lucas, eu até entendo sua preocupação e agradeço o que foi proposto. Mas gostaria que você olhasse para onde estamos agora. Uma festa de comemoração. Aproveite esse momento. O filme da pessoa mais importante que conhecemos está sendo lançado, e com muita honra, nós podemos dizer que demos nossa contribuição para isso. Seria muita falta de consideração qualquer tipo de pensamento que chegue perto do que você acabou de falar. – e vai embora, antes que o outro volte a falar.

Andie e Pacey saem da lanchonete com as mãos ocupadas com embalagens de panquecas e copos de refrigerante. Andie está rindo excessivamente do Pacey. Ele faz aquela sua expressão de quem andou aprontando.
Andie: - Você assustou a garçonete com aquele pedido. – entre risos.
Pacey: - Eu? Não tenho culpa que meu jeito natural ‘Harrison Ford’ de ser tenha aludido segundas intenções na mente dela.
A: - Claro, Han Solo! – entra no carro e pega a direção.
P: - Que? – balança a cabeça negativamente olhando pro céu. – McPhee, eu não ando num carro com você de motorista.
A: - Entra logo, Paceeey. – gritando por ele lá de dentro do carro.
P: - Que a força esteja com você! – fala pra ela enquanto senta no banco de passageiro e coloca o cinto de segurança.
Andie responde com um sorriso angelical e uma forte pisada no acelerador.

Joey caminha por um corredor onde estão expostas várias pinturas em grande escala. Enquanto observa uma em especial, é surpreendida por uma voz cordial, mas nada familiar.
John: - Você gosta? – olhando pra mesma imagem que ela.
Joey: - Ela tem uns traços delicados. – responde sem jeito, devido a dupla surpresa; afinal estava concentrada analisando o quadro, e nunca imaginaria que o dono daquela voz poderia ser o mesmo John de horas atrás.
John: - “Ela” é a minha mãe. – olha profundamente nos olhos da Joey e sorri um sorriso que tirou o fôlego dela. Ela demora um pouco a recompor a voz.
Joey: - Sua mãe?! Uau! Nossa, ela é muito boa no que faz.
John: - No que fazia. Ela está morta. – volta a olhar pro quadro um pouco sério, lembrando o John de antes.
Joey: - Oh, sinto muito. – olhando pro chão, colocando o cabelo atrás da orelha.
John: - Tudo bem. Já faz um bom tempo. – olha pra mão da Joey – Você também pinta?
Joey: - Ah, não! – esconde a mão no bolso – Não, não! Só exercitando para o curso de arte que faço aqui em Los Angeles.
John: - Não é daqui?
Joey: - Sou de uma pequena cidade do interior. Capeside, você não deve conhecer.
John: - Infelizmente não conheço. – caminha até o próximo quadro. É seguido por ela.
Joey: - Por que você não assistiu o filme?
John sorri, vira-se para olhá-la, novamente aquele sorriso, novamente aquele olhar.
John: - Bom, eu posso responder se você prometer não repetir isso para mais ninguém.
Joey: - Eu prometo. – fingindo trancar os lábios com um cadeado invisível.
John: - Bom, você vai achar estranho, afinal sendo eu assistente de quem sou; mas não gosto de cinema. Eu prefiro as artes plásticas.
Joey achou, de fato, um pouco estranho, mas recebeu aquela afirmação com mais afinidade do que gostaria. Sorriu de lado e caminhou até a próxima pintura. John permaneceu parado, aproveitando que a Joey estava de costas para ele, para observá-la caminhar.
John: - Joey... – Ela se vira e olha pra ele. – Você e o Dawson... – pausa – Estão juntos a muito tempo, eu suponho.
Joey: - Eu e o DAWSON! – antes que ela pudesse responder, Dawson chega ao corredor e sorri para os dois.
Dawson: - Ei! Aí está você! Andei por todo o salão te procurando. – Entrega a ela a taça com o drink. – John. – aperta a mão dele.
John: - Vocês vão me desculpar, eu preciso encontrar o Spielberg agora. – pega a mão da Joey e dá um beijo suave; aperta novamente a mão do Dawson. – Com licença. – e se retira.
D: - Bem que você falou. Ele é estranho.
Joey não responde, apenas força um sorriso, pois ainda estava com a cabeça anuviada com a curta conversa que teve com John. Um John totalmente diferente da primeira impressão e da última; já que os abandonou tão bruscamente.
D: - Para casa E.T.?
J: - Sim, Elliot. – aponta o dedo pra ele, brincando, tentando imitar a voz do E.T. de um jeito engraçado.

Na praia de Capeside, Andie e Pacey estão deitados no capuz do carro, olhando para o céu, do lado deles uma garrafa de champanhe vazia. Andie senta, pega a garrafa e dá um gole frustrado.
Andie: - Acabou! – faz um bico para o Pacey, enquanto tenta fazer cair algum último pingo da garrafa.
Pacey: - McPhee sua pinguça! Não deixou nada pra mim! – senta também.
Andie: - Mentiroso! Você que tomou quase tudo. Não tem mais nenhuma outra garrafa escondida na mala do carro?
P: - Nooops! – olhando pro rosto dela por uns segundos.
A: - PACEEEEY, VOCÊ CONSEGUIIIU!!! – ela finalmente se meche e vibra animada, cutucando ele.
P: - Yeaaah, McPhee... consegui não foi?! UAU! Surreal. Não sabia que o gosto da satisfação de saber que vou pra faculdade era tão bom.
Andie sorri e olha pra ele. Ele a encara, sorrindo também.
P: - Não sei se agradeci, mas devo isso a você. Muito obrigado. – passa a mão no cabelo dela, fazendo cair acidentalmente a fivela cor de rosa que prende sua franja. Ela olha pra baixo timidamente, pensando e sorrindo um pouco. Pacey continua a olhá-la, por mais algum tempo, admirando-a. O cabelo de Andie brilha com a luz da lua. Ela continua de cabeça baixa, olhando pra fivela que está agora em suas mãos. Ele desperta da contemplação ao escutar risadas vindas do mar. Avista um casal dentro de um veleiro. Ele sorri da ironia. Andie percebe e fala:
- Amor verdadeiro.
P: - Yep. – deitar-se novamente no capuz do carro, apoiando a cabeça sobre as mãos, voltando a olhar o céu. Ela repõe a fivela no cabelo e continua sentada olhando pro barco que vai sumindo na escuridão do oceano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário