terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Episódio 708: Cinema


Finalmente o elevador chegou ao andar onde os quatro jovens estavam aguardando. Assim que a porta se abriu, Joey pulou para dentro. Pacey a seguiu com menos entusiasmo. Era perceptível o contraste das suas expressões. Enquanto Joey tentava dominar a fúria com um sorriso intrigantemente sarcástico, Pacey parecia com dor de cabeça. Suas sobrancelhas estavam quase unidas numa só linha e sua testa enrugava com a pressão dos olhos quase fechados dele.
Depois que eles entraram, Dawson encaminhou Andie, conduzindo-a para dentro do elevador com uma de suas mãos no centro das costas dela. Ele entrou em seguida e pressionou o botão que indicava o térreo, onde ficava o hall do prédio.
A atmosfera de dentro do elevador estava interessante. A dupla da frente estava de costas para os outros dois seres que dividiam o pequeno quadrado em movimento. Dawson e Andie estavam um ao lado do outro e pareciam não lembrarem que havia mais duas pessoas os acompanhando. Andie segurava sua própria mão direita com a esquerda, enquanto olhava para seus pés timidamente. Dawson, com as mãos no bolso da calça, examinava cada pequeno movimento da Andie e sempre deixava escapar um sorriso quando percebia que as bochechas dela coravam. Parecia que a Andie estava ciente dos olhares dele.
Joey, que estava logo atrás do Dawson, resmungou por baixo de um suspiro. Pacey e Dawson olharam para ela.
Joey: - O que foi? – ela perguntou ameaçadoramente.
Antes que eles pudessem falar alguma coisa, o elevador parou e anunciou sua chegada ao térreo.

Abertura de Dawson’s Creek – 7ª temporada. Música: I don’t want to wait.

Os quatro caminham até a frente do prédio.
Dawson: - Vamos no meu carro? – pergunta a Andie.
Andie: - É, pode ser! – responde sorrindo.
Joey: - Ah! Vamos andando! – ela dá um longo passo para interromper o casal que está logo na sua frente.
Pacey olha espantado e a pega pelo braço, puxando-a para o seu lado com um mínimo de tenacidade. Ela olha para ele com cara feia.
J: - Qual é o problema? O cinema fica aqui perto. Nós sempre fomos andando. – segura na mão dele e começa a caminhar.
Joey passa na frente de Dawson e Andie com Pacey ao seu lado. Olha  para atrás, para  eles e dá um sorriso diabólico.
Andie (cochicha com o Dawson): - O que será que deu nela?
Dawson: - Se eu acreditasse nessas coisas, eu diria que o espírito da Abby Morgan entrou no seu corpo.
A (rindo): - Ah, coitada da Joey, Dawson! Fala sério... se ela não tivesse com o Pacey a séculos, eu diria que ela está morrendo de ciúme.
Dawson não responde. Apenas força um sorriso de brincadeira e olha para frente pensativo.


Na frente do cinema, Dawson entra na fila com o Pacey para comprar os ingressos. Joey e Andie se limitam a conversar a cinco metros deles.
Pacey: - Qual filme?
Dawson: - Acho que o da sessão clássica.
P: - Você está de gozação? “Nouvo Cinema Paradiso”?
D: - É o único que se encaixa no nosso horário! – rindo
P: - Ok, Totó.
D: - Hum, acho que você já pode me chamar de Salvatore di Vita!
P: - Oh! Claro. Sim senhor, grande cineasta! – brinca depois pára um segundo e limpa a garganta – Er, bem... Dawson, é só impressão minha ou essa noite está parecendo um dejá vù?
D: - Como assim?
P: - Com alguns personagens trocados e um pouco adaptada, a história se repete. A gente vindo ao cinema em casais, você tentando ganhar uma certa loirinha, a Joey quase tendo um ataque de raiva...
D: - Pacey...
P: - Ah, qual é, Dawson! Eu sei que a Joey está estranha desde que viu você com a Andie lá no apartamento. Eu sei que não somos tão amigos como antes, mas isso não me limita de ainda reconhecer você quando está encantado com alguma garota.
D (calmo e educadamente): - Pacey, eu gostaria que as coisas fossem mais simples entre todos nós, mas... digamos que a vida não facilitou. Eu ainda não sei o que está acontecendo entre mim e a Andie, mas estou tentando deixar as coisas acontecerem sem pressões. Eu sinto muito pelo comportamento da Joey. Só acho que você não precisa se preocupar. Ela ama você.
P: - Ah, verdade... ela me ama. – esconde o desânimo com humor negro.
D: - Bom, quanto ao momento de dejá vù, é bom voltar para casa e reviver momentos felizes da infância.
P: - Uma pena eu me sentir o Alfredo da história. Metaforicamente, eu morri para você.
D: - Você nunca morreu para mim. Nossa amizade talvez. No entanto, eu já digeri aquilo que aconteceu, Pacey. Sem mágoas, ok? – olha para o amigo e sorri calorosamente.
P: - Obrigado, Dawson. – bate de leva no ombro do amigo e sorri solenemente.
Pegam os ingressos e caminham até o balcão da pipoca.

Há alguns metros dali as duas jovens também conversam, enquanto esperam pelos ingressos. Joey está amuada e com uma expressão de dar medo.
Andie: - Você está se sentindo bem?
Joey: - Estou. Por quê?
A: - Oh! Nada... er, você já sabe o que vai ser? – aponta para a barriga dela. – Menino ou menina?
J: - Não. – faz biquinho.
A (tagarelando): - Mas você tem preferência, não tem? O Pacey tem. Ele me falou que...
J (interrompendo): - Você está gostando de morar com ele, não é?
A: - Com o Pacey? Bem, apesar de demorar horas no banheiro, deixar a tampa da bacia levantada e tomar o leite na boca da caixa, o Pacey está sendo uma boa companhia para mim.
J: - Claro! Afinal é o Pacey!
Andie acha a Joey indelicada, mas prefere fingir que não está percebendo o modo grosseiro e as ‘deixas’ subtendidas dela. E para não ficar em silêncio também, óbvio, afinal a Andie não é das que gostam de ficar calada.
A: - E para você... hum... como está sendo morar com o Dawson?
J (espremendo os olhos): - Nada que eu nunca tenha feito. A gente sempre junto, dividindo a mesma cama, essas coisas. – dá um sorriso estranhamente reproduzido de algum monstro.
A (sorri gentilmente): - Deve ser bacana morar em LA. Com todos aqueles artistas circulando. Nossa, ir aos estúdios... o Dawson já te levou em algum?
J: - Oh, claro! Eu conheci o Spielberg! – presunçosa.
A: - Uau! Que sorte! Mas e os atores? Nossa... imagina você atravessar um corredor e esbarrar no Tom Cruise! – empolgada.
J: - Não tive a sorte. – vira de costas e fica calada. Um minuto depois olha de volta para a Andie. - Olha só, Andie... o Dawson me contou tudo, sabe...
A: - Contou?
J: - Sim!
A: - Como assim tudo? Tudo TUDO?
J: - Houve um tudo TUDO? – desesperada.
A: - Oh... não! Não. Absolutamente não! – corando. - Eu quis saber se ele te contou o que estava achando, o que ele está esperando ou pretendendo.
J: - Ah! Menos mal! – aliviada. – Bom, sabe como é o Dawson, ele tem mania de romantizar demais as coisas. Não que não seja romântico estar com você, mas eu sei que ele sempre exacerba a situação e logo depois se decepciona quando percebe que as coisas não são do jeito que ele imaginou. Foi igualzinho com a Jen, anos atrás. Ele estava todo bobo, encantado. Depois de poucas semanas tudo estava acabado.
A: - Por que ele viu que na verdade te amava. – engole seco, com um olhar penoso.
J: - Urh! – esbugalha os olhos, inclina a cabeça e põe uma mecha de cabelo atrás da orelha. – É, ele viu. Mas não é o que acontece agora. A situação é distinta, apesar de parecer com a anterior. – pausa. – Olha, Andie, não se preocupa com o que eu falei. O Dawson pode estar realmente apaixonado por você. Eu não me acostumo com o fato de que ele um dia vai ficar com outra pessoa. Mas eu TENHO que me acostumar. Eu escolhi o Pacey, não foi? Eu já não posso voltar a atrás. Desculpa, ok?
A: - Tudo bem, Joey. Eu acho que entendo isso. Me deixa te perguntar uma coisa?
J: - Claro.
A: - Hum... do jeito que você fala, parece que se pudesse decidir entre os dois novamente, você...
J: - Shh... – faz a Andie se calar. – Eles estão vindo.

Pacey: - Vamos lá, madames. “Cinema Paradiso” novamente.
J: - Ah, não, Dawson! – rindo e arqueando uma sobrancelha.
Dawson: - Sinto muito, Jo! – rindo.
Pacey envolve seu braço ao redor dos ombros de Joey e os dois saem na frente. Dawson olha para a Andie e sorri. Entrega um saco de pipoca para ela.
D: - Então, sobreviveu à Joey?
A: - Anrram. – tentando disfarçar a insegurança.
D (abaixa a cabeça pra ficar na altura dos olhos dela): - Tem certeza?
A (olha para ele e camufla o medo com um sorriso): - Sim, Dawson. Vamos logo, não quero perder o começo do filme.

Na sala do cinema, os quatro sentaram juntos em fila indiana, nessa ordem: Pacey, Joey, Dawson e Andie. Dawson está com o dois braços apoiados nas laterais das poltronas. Pacey lá do outro lado chama pela Andie tentando falar o mais baixo possível.
Pacey: - Ei, Andie...
Ela não escuta.
P: - Andie! – um pouco mais alto.
Andie (murmurando): - O que é?
P (no mesmo tom dela): - A pipoca!
A: - Ah, ok! – ela estica o corpo o máximo para alcançar a mão do Pacey. Entrega a pipoca a ele e enquanto voltava para seu lugar se desequilibrou um pouco e bateu com o lado direito do seu rosto no peito do Dawson.
A: - Oh, Dawson. Desculpe! – com o rosto vermelho.
Dawson apenas sorri e a ajuda a sentar na poltrona dela. Assim que ela está totalmente bem colocada no seu lugar, Dawson coloca o braço na lateral da poltrona novamente. Dessa vez a Andie não viu e apoio o braço dela ali. ‘Ops’, ela pensou. Dawson segurou a mão dela antes que ela a tirasse do lugar, como ela estava prestes a fazer. Tudo numa questão de milésimos de segundos. Ele procurou os olhos dela no escuro. Então achou aquele olhar tímido e brilhante. Ela percebeu que ele estava sorrindo porque os olhos dele sempre ficam meio fechadinhos quando ele ri. Então ela apertou a mão dele com segurança e apoio sua cabeça no ombro dele. Dawson passou a outra mão sobre a cabeça dela e beijou seu cabelo.
Joey observava tudo isso lá da sua poltrona. E ficou tão rígida que parecia uma pedra. Seus olhos lacrimejavam de raiva.
Alguns minutos depois Andie quis refrigerante. Então Dawson saiu para comprar. Mal ele se levantou, a Joey cochichou para o Pacey e mentiu estar querendo ir ao banheiro.
Ela encontrou o Dawson lá fora. Ele já havia comprado o refrigerante e estava voltando para a sala.
J: - Ei.
D: - Ei! O que você está fazendo aqui fora?
J: - Banheiro. Pra variar.
D: - Ah, é! CLARO! – sorri. – Posso te esperar, se você quiser.
J: - Por favor! – meio sorriso infantil.
D: - Ok, então corre.

Joey entrou no banheiro, mas não demorou muito. O Dawson estava encostado no corredor ali pertinho quando ela saiu. Ela viu a Andie sair da sala do cinema e vir em direção ao banheiro feminino. O Dawson estava de costas para o caminho por onde a Andie vinha. Numa rapidez brutal, a Joey segurou o rosto do Dawson beijou a boca dele. Dawson tentou se livrar dela com sua única mão livre. Mas a Joey parecia disposta a não larga-lo facilmente. Então o Dawson segurou firme na cintura dela com uma mão e jogou o copo de refrigerante no chão para usar a outra. Ele pôs a mão gelada do refrigerante envolta da mandíbula dela. Isso a assustou. Dawson aproveitou para afastá-la.
Dawson: - Você ficou louca? – enraivecido.
Andie: - Não, Dawson! Eu é que devo estar! – ela estava bem atrás dele e saiu andando rapidamente em direção a saída.
D: - Andie! Espera... – olha para a Joey. – O que deu em você? – e sai correndo atrás da Andie.
Joey fica imóvel. Sem reação. Na cabeça dela o arrependimento gritando. “O que foi que eu fiz?” ela pensou. Algum tempo depois ela ouviu alguém a chamar. E seu corpo tremia.
Pacey (sacudindo-a): - Joey? Joey?
Joey (saindo do transe): - Er… oi. Pára de me balançar. Está me deixando enjoada.
P: - Senta aqui. – a coloca num banco. – O que foi que aconteceu? Onde está o Dawson e a Andie?
J: - Eles foram embora. Eu só estou com náuseas.
P: - Então vamos para meu apartamento...
J: - Não! Seu apartamento não! Eu a-acho... Eu preciso ir ver a Bessie.  Pacey, fica lá comigo hoje? Por favor! – deixa cair uma lágrima.
P: - Claro, Jo. Meu Deus... você está muito quente. – tocando no rosto dela.
J: - Oh, não é nada, Pacey. Me leva para casa, só isso.
P: - Levanta, vamos. – pega ela nos braços e caminham pelo corredor da saída.
J: - Pacey...
P: - Sim?
J: - Me perdoa?
P: - Por isso? Meu amor, o filme tava um saco. Eu vou adorar cuidar de você no B&B como nos velhos tempos.
Joey não tem mais coragem de falar. Ela envolve seus braços no pescoço do Pacey e esconde a cabeça no peito dele. O choro do remorso lhe cai sobre o rosto. Pacey a aperta com segurança, tentando acalmá-la.


Andie está encostada no carro do Dawson na rua do seu prédio. Ela está olhando para baixo, mas sabe que o Dawson está parado na sua frente. Ela está refletindo. Dawson apenas aguarda. Ele dá um passo à frente com cuidado e levanta o rosto dela. Ela a olha nos olhos e sorri tristemente.
Dawson: - Me desculpa?
Andie: - Dawson, não precisa fazer isso. Eu sei que você não tem culpa. Eu não sou uma adolescente. E não precisa ser muito esperta para entender tudo isso. Eu menti para você sobre a Joey mais cedo. No cinema, ela realmente me assustou. Aquele tipo de conversar... Em todos esses anos eu nunca a vi daquele jeito. Tão ameaçadora. Ela parecia sua dona. E me fez sentir como se eu estivesse te roubando dela.
D: - Mas você não pode...
A: - Espera Dawson! Deixa-me terminar! – desencosta do carro e caminha dois passos para o lado esquerdo da calçada. – Olha, eu acompanhei de perto toda trajetória do triangulo Pacey-Joey-Dawson. Eu não estou surpresa com o que vi naquele corredor há alguns minutos. Eu estou desesperada com outra coisa.
Dawson ergue seu braço e alcança a mão dela. Ele a guia até o banco de passageiro do seu jipe. Dá a volta com o carro. Em silêncio dirige muito depressa.
A: - Para onde você está me levando?
D: - Para um cenário mais adequado. – sorrindo.
Andie o observa durante todo o caminho. Algumas vezes, Dawson a pegava olhando e achava engraçado o olhar curioso que ela estava fazendo sem nem perceber. Finalmente eles chegaram. Dawson desce do carro e abre a porta para a Andie. Pega sua mão e a conduz. Andie observou o lugar. “Onde é que eu estou?” ela pensou. Todos os anos em Capeside ela nunca havia estado ali. O lugar era parecido com o resto da cidade. Havia um pequeno lago no centro, rodeado de árvores altas. Pareciam pinheiros. Mas dava para ver muito bem o céu. A noite estava estrelada, a lua estava linda, parecia sorrir para ela. Uma doca em miniatura estava rodeada de plantas trepadeiras. E os vagalumes dominavam o lugar.
Andie: - Dawson, como você achou esse lugar? – encantada.
Dawson não respondeu.
A: - Dawson?
Dawson: - Aqui. – ele estava bem aos seus pés. Sentado num banco improvisado de tronco de árvore.
A: - Uau! – ela senta ao lado dele.
D: - É! Eu encontrei esse lugar há alguns anos, com meu pai. A gente veio catar inseto para meu trabalho da escola. Bom, depois eu só vinha aqui em retiro espiritual, digamos assim. Para por a cabeça no lugar, sabe. Era tipo um esconderijo. É a primeira vez que o compartilho com mais alguém além do meu pai.
A: - Nossa, é lindo! Obrigada, Dawson. Que honra. – sorri e enxuga as lágrimas.
D: - Ah, não! Já está chorando? – põe a mão no rosto dela para tirar uma lágrima que sobrou.  Respira fundo. – É. Eu acho que o cenário melhorou, não foi? Eu desconfiei que você fosse gostar dele. Por isso te trouxe. Preciso te falar umas coisas.
Andie pegou uma pedrinha no chão e jogou com toda força em direção ao laguinho.
D: - Você está chateada?
A: - Não. Talvez ansiosa. Mas aqueles meus remédios me mantêm no lugar. – rindo.
D: - Ok, Andie. – vira de frente para ela. – Você precisa saber o que eu venho pensando durante esses dias. Você me pegou desprevenido, sabe? Depois de algum tempo eu aprendi a me contentar de que meu sonho de ser cineasta havia se realizado e que isso bastava para eu ser o homem mais feliz do mundo. Bom, eu estava no caminho certo. Nada de novos romances tumultuados. Apenas me continha em escrever sobre eles. Eu guardei meu coração numa caixinha secreta aqui dentro do meu peito. E numa inocente tarde você simplesmente destruiu minha proteção. Andie, você tropeçou e caiu literalmente. Tropeçou na minha caixinha e caiu dentro dela. Lá você encontrou o meu coração e está fazendo dele seu brinquedo. SEU, você entende? Você tomou conta dele. Agora ele é SEU. Eu estou completamente apaixonado por você. A Andie que foi a minha procura anos atrás para sondar informações a respeito do meu, então, melhor amigo. A Andie que se embebedou comigo numa noite desastrosa, mas tão divertida. A mesma Andie que sempre esteve por perto voando ao redor da turma como uma borboleta que alegra e seduz com seu charme e colorido. Mas agora eu quero essa borboleta para mim, já basta à confusão que ela está fazendo aqui dentro da minha barriga agora. – ele sorri.
A: - Dawson... Isso... MEU DEUS! Isso é real? Tem certeza que não estou sonhando? Esse lugar, você... – aperta o rosto com as duas mãos. – Sabe, isso tem muito a ver com a minha agonia do cinema. – vira de frente para ele. – Quando eu vi você e a Joey juntos, aquele beijo me queimou por dentro. Foi um medo revestido de vergonha. Pois, as coisas foram acontecendo muito em câmera lenta para mim. A minha volta a Capeside, o natal na sua casa, aquele dia de babá. Bom, aquele dia mudou meus conceitos. Eu tive que assumir que estava mais envolvida do que esperava. Aquele beijo me perseguiu todos os dias que se seguiram. Quando você me mandou o bilhete eu fiquei tão surpresa com a fivela. E a esperança de que talvez eu fosse correspondida voltou com seu torpedo sobre ir ao cinema. Então quando eu já estava me deixando acreditar que seria possível ter você para mim, o MEDO de não conseguir isso me dominou. Então a VERGONHA o revestiu. Vergonha de que? De está apaixonada? É, Dawson, eu senti vergonha. Por isso eu fugi. Não estava pronta para te perder sem ao menos ter te ganhado.
D: - Andie, não precisa ter vergonha, você não me perdeu. – tira uma mecha de cabelo de um dos ombros dela.

Andie sente um arrepio com o toque. Dawson se aproxima, sentando mais próximo. Ele segura o rosto dela com uma das mãos. Com a outra ele desliza os dedos e contorna cada parte dele: a testa, a bochecha, o nariz, a boca. O rosto da Andie corando. O coração acelerado.

D: - Andie, você promete guardar bem meu coração? Eu estou te dando ele de presente.
A: - Oh, Dawson! É o que eu mais quero no mundo!

Um vagalume fica preso no cabelo do Dawson, que ainda está muito perto da Andie. Ela se aproxima ainda mais e sopra o vagalume para fora do cabelo dele. No minuto seguinte, guiado pelo frescor daquele hálito, Dawson desliza seus lábios nos lábios dela. Era o cenário perfeito, o diálogo poético e a trilha sonora da natureza completando a noite e a cena, mas não era sonho nem filme. Era a vida real provando para o Dawson que valia a pena ser quem ele sempre foi.

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