terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Episódio 711: Efêmero


Deitado na cama de hóspedes da sua casa em Capeside, Dawson abre os olhos vagarosamente. Ainda de bruços e com o rosto escondido no travesseiro ele boceja. Em seguida, vira-se e é surpreendido pela presença da Andie sentada numa cadeira de frente para ele. Dawson ainda embalado pelo sono, imagina ser algum tipo de delírio. “Será que morri e fui pro céu?” ele pensou e sorriu para o anjo. Andie sorriu de volta para ele e levantou da cadeira. Aproximou-se da cama e sentou ao lado do namorado enfermo.
Andie: - Como você está?
Dawson: - Não poderia estar melhor. Estou no céu!
A: - Oh, delirando outra vez. – pega o termômetro imediatamente e põe na boca dele. – Passou metade da noite assim, falando como o Leonardo DiCaprio em Romeo + Julieta.
D: - Bom dia, meu amor!
A: - Bom dia, meu coração! – se aproxima do rosto dele e o beija.
D: - Passou a noite aqui? Não te vi chegar.
A: - Cheguei ontem à noite. Você já dormia. Decidi ficar de vigília, ser sua enfermeira.
D: - Sinto muito por você ter dormido naquela cadeira.
A: - Dawson, eu já fui uma residente, esqueceu? Sua cadeira não é tão desconfortável quanto uma maca de hospital. – rindo – E te observar dormindo foi uma das melhores experiências que já tive.
D: - Sei... – sorri amorosamente para a namorada, achando-a linda com aquele olhar encantador de anjo loiro e rosado.

Abertura de Dawson’s Creek – 7ª temporada. Música: I don’t want to wait.

Em seu apartamento, Pacey levanta-se da cadeira para atender a porta. Doug e Jack com a Amy no colo sorriem no corredor.
Pacey: - Qual foi a de agora?
Jack: - Bom dia pra você também, Pacey! – rindo.
Pacey sorri e olha para o irmão desconfiadamente. No mesmo instante, Doug toma a Amy dos braços do Jack e a entrega ao Pacey, que responde com um olhar indignado.
Doug: - A gente precisa sair, cuide dela nessa tarde, ok?! – soou mais como uma ordem do que como um pedido.
P: - Mas eu estou ocupado... – aponta para trás com o polegar, indicando os livros postos sobre a mesa de jantar.
J: - Cara, a gente não tem com quem deixar ela. Faz isso por nós? Afinal, é nosso aniversário. Um presente, pode ser? – sorriso piedoso.
Pacey olha angustiado para a pequena Amy, que quase dorme em seus braços e então se compadece.
P: - Ah, vai! Tudo bem. Ela vai dormir a tarde inteira pelo que estou vendo. – e fecha a porta na cara dos dois.

Na frente do B&B Potter’s, Joey caminha até sua pequena e simples doca. Senta-se no final da mesma e tira o seu celular do bolso. Disca aquele número familiar e espera ansiosamente alguém atender.
Gale: - Alô?
Joey: - Oi Gale!
G: - Joey! – sorrindo – Em que posso ajudar, querida?
J: - Hmm... o Alexander, está aí?
G: - Está sim, meu bem. Lá em cima no quarto da Lily. Estão vendo algum filminho. Quer que eu o chame?
J: - Oh, claro que estão vendo filme! – sorri e revira os olhos do outro lado da linha - Não precisa chamar. Tudo bem! – pausa e fala como quem não quer nada – E o Dawson?
G: - Ah, Joey... ele está repousando no momento.
J: - Essa hora do dia?
G: - Ele teve febre ontem...
J (interrompendo): - Ele está doente?
G: - Não é nada grave, um resfriado apenas... – cinco segundos de silêncio - Joey? Você está aí ainda?
J: - Sim. Sim. Gale, estou indo aí, certo?
G: - Ok, querida. Até logo.

Joey nem espera a Gale terminar de falar e desliga o telefone apressadamente. Guarda o pequeno aparelho no bolso da sua blusa quadriculada. Levanta depressa e desamarra a corda que prende o barco num gancho de ferro. Já dentro do barco, dá impulso com os remos e dirigi-se ao centro do riacho a caminho da doca dos Leery. Joey nunca chegou tão rápido no outro lado. Correu até a varanda, entrou. Precisou tocar a cigarra, pois a porta da casa já não ficava destrancada. Pouco tempo depois Gale abre a porta.
Gale: - Joey? – espantada – Tem certeza que não telefonou no meu jardim?
Joey (balança a cabeça sorrindo): - Posso vê-lo?
G: - Claro, querida, entre. Ele está no quarto de hospedes.

Jack e Doug chegam no Ice House e escolhem uma mesa na parte externa do restaurante. O jovem garçom cumprimenta os dois conhecidos e entrega o cardápio.
Doug: - O que você vai querer?
Jack: - Alguma massa.
D: - Cuidado, querido, você está engordando aí embaixo! – aponta para a barriga dele.
J: - Ah, nem vem... depois eu queimo tudo na academia.
Doug cai na risada e olha amorosamente para o companheiro, que responde com um doce sorriso. Escolhem o prato e esperam o pedido chegar. Enquanto isso, conversam amistosamente sobre o dia-a-dia no trabalho e sobre a Amy. Porém o olhar do Doug se desvia para a entrada do restaurante. A chegada de alguém o fez ficar desatento ao que o Jack falava. Jack percebendo o olhar vago do Doug procura pelo alvo da visão dele.
J: - Quem é aquela?
D (finalmente escuta a voz do Jack): - Acho que uma ex-nam... Ex-professora do Pacey.
J: - Ah, a Tamara? A velhota que a Audrey interpretou?
D (olha sem entender): - Hã?
J: - Esquece. Ela está vindo para cá. Acho que reconheceu você.
Tamara: - Olá Doug Witter!
D: - Olá Tamara! – levanta-se e a cumprimenta. – Nossa, você está ótima. Não mudou nada.
T: - Obrigada. – sorri olhando para o Jack – Não vai me apresentar seu amigo?
D: - OH, sim! Este é o Jack McPhee, meu namorado.
Tamara olha um pouco surpresa, mas rapidamente desmonta o alarme do seu olhar. Então continua.
T: - Prazer conhecer você, Jack!
J: - Prazer também, Tamara. Já ouvi falar muito de você.
T: - Ah, é?
J: - Sim. Mas não se preocupe. Todos comentários positivos, principalmente dos irmãos Witter.
T (um pouco ruborizada): - Bom saber. – olha sorrindo pro Doug.
D: - Então, o que a trás aqui? De volta a Capeside?
T: - Pois é. Estou acompanhando o meu marido. Ele veio lecionar na Universidade Comunitária. O Pacey não comentou?
D: - Ele sabe que você está aqui?
T: - Ah, claro. Inclusive vim hoje aqui para visitá-lo. Fiquei sabendo que é o novo proprietário desse restaurante.
J: - Ele não está aqui hoje.
T: - Poxa é uma pena. Vim dar notícias sobre a prova que ele vai fazer.
D e J: - Prova?
T: - Convidei o Pacey a fazer a seleção para novos alunos dos novos cursos da Universidade. Ele não comentou mesmo com vocês?
D e J: - Não!
T: - Então acho melhor vocês falarem com ele. Já dei informações demais por hoje. Avisem a ele só mais uma coisa? Que a prova será no próximo sábado. Aqui está o meu telefone. Por favor, Doug, você pode pedir para ele me ligar?!
D: - Certo. – pega o cartão da professora e se despede – Foi um prazer enorme revê-la.
T: - O prazer foi todo meu. Até mais, Jack.
Jack apenas sorri para ela e depois que Tamara sai, ele olha desconfiadamente para o Doug.

Joey abre a porta do quarto silenciosamente. Ao escutar a voz da Andie diminui a distância de abertura da porta. Limita-se a escutar pela brecha. Observa o Dawson sentado na cama, com o corpo semi-coberto com uma colcha grossa, segurando com força os pulsos da Andie que se debate para tentar se soltar.
Dawson: - Se você jurar que não vai me obrigar a tomar esse xarope horrível, eu te solto.
Andie: - Tudo bem, tudo bem. – fazendo biquinho – Eu juro, Dawson.
Dawson a solta e sorri. Mas o sorriso é interrompido por uma crise de tosse. Andie olha-o aturdida e corre para pegar a colher e enche-la com um líquido grená. Aproveitando a tosse, coloca a colher cheia de xarope dentro da boca do Dawson. Ele engole o líquido involuntariamente e faz uma careta. Andie para mimar o namorado, entrega-lhe um copo com água. Ele bebe dois goles.
D: - Você jurou...
A: - Meu amor, você precisa ficar bom! – se aproxima do rosto dele e o beija. Depois do beijo sente o gosto do remédio na sua língua e faz uma mini-careta. – Nossa, é horrível mesmo. Desculpa! – e sorri.
D: - Ah, mas se for pra ganhar beijos assim, tomarei o xarope sem reclamar. – puxa o rosto da Andie pela nuca dela e a beija novamente. Ao solta-la, sorri para ela, que está de costas para a porta.
A essa altura a Joey já está a alguns passos deles. Dawson é o primeiro a percebê-la. Ergue as sobrancelhas e sorri para a amiga.
D: - Hey...
A (vira-se para ver quem chegou): - Oi Joey! – sorri.
Joey: - Olá. Sua mãe falou que você está doente, então eu vim saber como você está. Mas vejo que está bem, então já vou indo. – dá um passo a caminho da porta.
D: - Não! Onde você pensa que vai? Volte aqui. – ele puxa a Andie pela cintura, fazendo-a desocupar a cadeira em que estava sentada e a acomoda ao seu lado na cama. – Sente aqui, Joey. – aponta para a cadeira.
J (revira os olhos): - Tudo bem. – sorrindo – O que você tem?
D: - Eu acho que é uma tosse a toa, a minha mãe acha que é resfriado e a Dra. McPhee me sentenciou a uma gripe. – olha para a Andie e sorri.
Joey faz uma careta sem ser percebida pelo casal.

No apartamento Pacey está deitado, balançando-se na rede e lendo um livro de biologia para a Amy. O livro na mão direita e a Amy no braço esquerdo.
Pacey: - Mitose é o processo de divisão celular pelo qual uma célula eucariótica origina, em uma seqüência ordenada de etapas, duas células-filhas cromossômicas e geneticamente idênticas. A mitose foi dividida em quatro fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase.
Ele olha para o rostinho da Amy. A garotinha está estranhamente entretida, mas olha feio para ele por ter parado a leitura. Pacey faz cara de confuso para ela.
P: - Você conseguiu entender alguma coisa?
Amy: - Miii-ooo-seee... – apontando com um dedinho para o esquema desenhado no livro.
P: - Você é um gênio mesmo! Mas é MI-TO-SE, com o T na segunda sílaba.
A: - Ooolsen – batendo com a mãozinha no livro. – Olsen! Olsen!
P (arqueando uma sobrancelha): - Olsen?
A: - Ideeen-cas... Olsen! Pace bobo bobo bobo!
P: - Peraí, você está mesmo fazendo analogia? Está dizendo que as células-filhas são idênticas como às gêmeas Olsen?
Amy sorri e bate palmas. Pacey olha assustado. A campainha toca e ele vai atender com a Amy no colo. Ela segurando o livro pesado. São Jack e Doug que chegaram para buscar a menina. Pacey deixou que eles entrassem.
Doug: - Você não vai acreditar quem nós encontramos.
Pacey: - E vocês não vão acreditar no que essa garota foi capaz de fazer.
Jack: - O que ela fez? – curioso, sorrindo para a Amy.
P: - Ela entendeu o que é mitose!
J e D: - O que?
P: - Ela comparou as células com a Mary-Kate e Ashley.
A: - Mi-o-se... iden-cas... Ooolsen.
P: - Viu? Um gênio!
J: - Uau! – pegando a menininha no colo.
P: - Mas quem vocês encontraram?
J: - Sua ex-professora de inglês.
P: - A Tamara? Onde?
D: - Ela apareceu lá no Ice, foi te procurar. Falou sobre sua prova. Que história é essa de faculdade? Resolveu ser inteligente uma vez na vida, irmãozinho?
P: - Obrigada pelo incentivo. E sinto muito, mas não vou comentar nada sobre isso com você. Jack, acho melhor você levar seu namorado daqui. – pega o livro da Amy e beija a cabeça – Tchau Amyzinha. Você está me saindo melhor professora que a sua tia Pheephee.
J: - Tudo bem, Pacey. Nós já vamos. Só mais uma coisa. A Tamara pediu que você ligasse para ela. Deu o número dela para o Doug te entregar. – vira-se para o Doug – Cadê o cartão?
D: - Ah, sim. – procura nos seus bolsos – Acho que perdi o papel.
P: - Esquece... eu me viro. – cara de desprezo para o irmão.

Na cozinha dos Leery, Andie e Joey preparam comida para o Dawson.
Andie: - O que é isso que você está fazendo?
Joey: - Panquecas. Você não sabia que é a comida preferida do Dawson? – ar de superioridade.
A: - Não Joey. Eu não sabia! Mas é que acho melhor ele comer uma coisa mais saudável, sabe...
J: - Ah, qual é, Andie! 
A: - Tudo bem, mas leva essa maça também, ok?
Joey acena que sim com a cabeça, mas no seu rosto o semblante é de quem está competindo. Sumiu da cozinha e subiu as escadas quase voando. Andie ficou lá embaixo terminando de preparar um suco de laranja com acerola e limão. Uma mistura que aprendeu a fazer e que diz ser tiro e queda para a gripe. Joey chegou no quarto e encontrou Dawson cochilando. Entrou silenciosamente e colocou a bandeja na mesinha do lado da cama em que ele estava deitado. Sentou na beirinha da cama e o contemplou por algum tempo. Sentiu um carinho tão grande por aquele homem enorme, mas que parecia tão frágil naquele instante, que tocou seu cabelo. Depois passou sua mão pelo rosto dele.
Andie: - Ele é maravilhoso, não é?
Joey tira a mão e vira-se de frente para a Andie num pulo.
Joey: - Você me assustou.
A: - Desculpe, não foi intencional.
Dawson (acordando): - O que foi?
J: - Não foi nada!
A: - Você está melhor?
D: - Estou ótimo! – mais uma crise de tosse.
A: - Estou vendo! Nós fizemos um lanche para você. – colocou o suco na bandeja.
D: - Panquecas! – sorriso enorme.
J: - Eu sabia que você ia gostar! – olha para Andie como quem ganhou uma corrida.
Andie franze a testa e balança a cabeça, mas sem ressentimentos. Dawson começa a comer. Ao dar o primeiro gole no suco, olha para a Andie.
D: - Isso foi idéia sua, aposto!
A: - Vai te fazer melhorar, mas se quiser não beba, ok? – um pouco chateada.
D: - Não, meu amor! Está ótimo. – estica o braço e puxa a Andie pela mão dela, fazendo-a sentar do outro lado da cama. E lhe dá um beijo na testa. Os dois se olham apaixonadamente e sorriem.
J: - Ranc-ranc... erh... Dawson, vou ter que voltar para L.A na próxima semana. Meu curso de Artes vai recomeçar e se não se importa, vou ficar na sua casa, ok?
D: - Oh, sim, Jo. Por mim, tudo bem. Você já tem a cópia das chaves. – aproveita e morde outro pedaço da panqueca.
J: - Bom agora eu preciso ir. Te ligo amanhã pra saber se melhorou. – sorri encantadoramente, com a cabeça inclinada, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Até mais, Dawson.
D: - Até mais, Joey.
Ela levanta e quase na porta, vira-se e olha para a Andie. Sorriu para ela, um sorriso diferente do que deu ao Dawson, e acenou um ‘tchau’. Assim que Joey fechou a porta, Andie levantou-se e ficou de frente pro Dawson. Encarando-o por um instante.
A: - Ela tem cópias das chaves da sua casa e sabe sua comida preferida, enquanto eu te faço tomar xarope amargo e beber suco de gosto ruim...
D (interrompendo-a): - Mas quem estou namorando? Diga! – pausa - Eu prefiro você, Andie! – coloca o prato de panquecas de lado, na mesinha. Apóia as mãos nos quadris da namorada e a puxa. Ela cai deitada por cima do corpo dele. Num giro rápido, impulsionado pelo Dawson, os dois trocam de lugar. Andie sobre o colchão olha para o Dawson, que está meio inclinado, de joelhos (apoiados no colchão) ao redor do ventre dela, de costa para o teto e as mãos segurando delicadamente o rosto dela. Aproxima seu rosto, olha para ela profundamente.
D: - Não entendeu ainda?
A: - O que?
D: - Que estou completamente apaixonado por você!
Os olhos da Andie enchem de lágrima, brilhando como estrelas que já começam a aparecer naquele fim de tarde.
A: - Eu te amo, Dawson.
Dawson deixa seus lábios tocarem os dela. Andie retribui ao beijo calorosamente. Um beijo intenso e demorado. Interrompido por um breve instante, quando o Dawson aproxima sua boca ao ouvido da Andie para complementar: “Te amo muito mais, Andie McPhee”.

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