terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Episódio 707: Impasse



Eles estão no quarto do Dawson em LA, prestes a dormir. Mais uma noite de filme havia acabado de terminar. Os dois estavam deitados na cama tão próximos. Joey estava muito carente naqueles últimos dias. Seu rosto relaxado no peito do Dawson. E como se ninguém mais existisse no mundo, eles se deixaram levar pelo sentimento que guardavam a anos. Dawson quis ter a Joey só para ele. Joey queria apenas o Dawson para si. Ele segurou o rosto da Joey levemente com as duas mãos. Joey foi guiada pelo impulso e se aproximou do rosto dele. Dawson deixou seus lábios tocarem os dela. Joey envolveu o pescoço dele com seus braços. O beijo tão sonhado se concretizava. Um beijo intenso e caloroso. Mas a porta do quarto foi aberta. Os dois se soltaram imediatamente e Dawson pulou da cama, apreensivo.

Dawson: - Andie?! O que você faz aqui?

Dawson acorda assustado. Nervoso, olha para o seu lado direito e vê a Joey dormindo calmamente. ‘Foi um sonho ou um pesadelo?’. Consulta a hora no seu velho relógio que ganhou do seu pai na formatura. 3hras da madrugada.


Abertura de Dawson’s Creek – 7ª temporada. Música: I don’t want to wait.


Madrugada da sexta-feira para o sábado. Dawson não conseguia voltar a dormir. A ida a Capeside na manhã seguinte estava o apavorando mais do que deveria. Joey iria com ele. Provavelmente ele encontraria a Andie pela primeira vez depois do beijo de dias atrás. Não sabia o que esperar. Não sabia nem o que sentir muito bem. Talvez ela nem lembrasse mais. Não, a Andie não fazia esse tipo. Ela, com certeza, lembraria. Mas será que sentia a mesma expectativa?
Joey se mexeu na cama nesse momento. Ele virou para olhá-la. Ela estava dormindo profundamente. E aquele sonho dele? Pesadelo, na verdade! Dawson andava muito confuso desde que a Joey foi passar um tempo morando com ele. Depois que soube da gravidez dela a situação ficou mais difícil. E agora tinha esse novo lance com a Andie. Realmente a vida dele era digna de um filme ou seriado.
Dawson lembrou de THE CREEK. A essa altura o seriado estava desmoronando. Não apenas por seu abandono, mas principalmente pela banalização comercial a que Richard havia se deixado envolver. Personagens superficiais, diálogos simplórios, venda de banda pop, enfim um turbilhão de elementos que o Dawson desprezava. Sorte dele ter conseguido entrar como assistente de diretor do Spielberg no último filme dele. Seu maior sonho se realizara.
Agora teria mais folga, só voltaria a LA para o processo de edição do filme, mas isso demoraria alguns dias. Dawson esperava ter resolvido sua vida pessoal até lá. Então, pensou nesse final de semana e suspirou. Amanhã ele daria o primeiro passo, ou melhor, o segundo. Afinal, semana passada ao enviar o cartão e a fivela a Andie ele deu um avanço digno no que diz respeito ao caso dos dois.



Sábado de manhã Joey acordou um pouco indisposta, mas tomou o café depressa. Ela está louca para chegar em casa. Dawson não se apressou tanto. Ele se arrastou pela casa ao ir ao banho, na hora do café e até na hora de pôr as malas no táxi.
Joey: - Anda logo, Dawson. Senão a gente perde o vôo.
Dawson (sorrindo): - Você não deve ficar calma? Não é assim que as grávidas devem ficar?
J: - É eu me lembro bem da sua mãe na gravidez da Lily.
D (gargalhando): - Ela não parava quieta.

Joey ri com o canto da boca e entra no carro, segurando sua pequena barriga de quatro meses. Dentro do táxi, os dois se olham e sorriem.

J: - Hum... É impressão minha ou você não dormiu bem a noite?
D: - Você percebeu? Parecia uma pedra barulhenta.
J (sorriso zombeteiro): - Rá-rá, Dawson. Até parece que você me deixa dormir com seu ronco. Me fala. O que houve?
D: - Só não estava me sentindo bem.
J: - Dor no estômago?
D: - Mais ou menos. – tava mais pra borboleta no estômago, ele pensou.
J: - Hm. Acho que vai ser bom esses dias em Capeside, não é? Sinto falta de lá.
D: - Sei, de QUEM está lá, você quer dizer...
J (o olha com careta): - Também, mas nem tanto quanto gostaria.
D: - Ainda brigados?
J: - Mais ou menos. Não dá pra negar que o clima entre mim e o Pacey anda tenso faz tempo.
D: - Sinto muito, Jo. – olha para fora da janela um pouco pensativo.
J (analise a expressão dele): - Não precisa me consolar, Dawson. Eu sabia onde estava atracando meu barquinho. Não é a primeira vez que o Pacey fica estranho comigo, não é? – era mais uma afirmação do que uma pergunta – Não esquecemos o vexame no baile de formatura.
D (a olha com os olhos ressentidos): - Joey, não fique lembrando essas coisas. Não deve! Lembre-se do bebê! – ele toca na pequena barriga dela.
J (força um sorriso): - Você tem razão, Dawson. – encosta sua cabeça no ombro esquerdo dele.
Dawson beija o topo da cabeça da Joey e segura a mão dela.

Horas depois, em Capeside, Jack toca a campainha da Andie. Quem atende é Pacey. Jack está com a Amy em seus braços. A garota não para de gritar. Um grito agudo de criança. Pacey faz careta e pega a menina no colo na maior rapidez. Instantaneamente ela para de gritar, olha para o Pacey e sorri lindamente, mostrando seus novos e pequenos dentinhos.
Amy: - Adê-pheephee-adê?
Pacey: - Sua tia tagarela está trabalhando, meu bem. – sorri olhando para a menininha. – Mais tarde podemos buscá-la, ok?
Jack: - Pacey, você pode ficar com ela só por um tempo? Preciso corrigir umas provas e essa garota não pára quieta. Só sabe gritar e chamar pela Andie.
P: - Definitivamente a sua irmã mima demais essa garota. Vai lá, cunhadão. – mostra os dentes num sorriso de zombaria – eu fico com a Amy. Agora não esquece que tenho que ir pegar a Joey no aeroporto.
J (olhando pro final do corredor): - Acho que não vai precisar... – Joey aparece atrás da porta do elevador.
Ela caminha até o pequeno grupo com um sorriso no rosto e uma mala pequena na mão.
Pacey corre para pegar a mala com a mão livre. Beija a Joey no rosto.
P: - Chegou mais cedo? E meus planos de te pegar no aeroporto?
Joey (cumprimentando Jack com o olhar): - Bom, o vôo se adiantou e Dawson me deu uma carona até aqui. – ela pega a Amy no colo nessa hora.
P: - Ah, claro. O Dawson! Sempre o herói da vez. – sarcasmo na voz, olhar seco para o chão.
Joey: - Não começa, Pacey!
Amy abre o berreiro e começa a bater com suas pequenas mãozinhas na bochecha da Joey. Joey olha assustada e tenta se livrar das palmadinhas. Pacey olha e sorri.
P: - É! Ela não gosta de você!
Joey: - Não é verdade! – faz um biquinho para a Amy. – Amy Lindley, sua mãe não ia gosta de ver você agindo assim.
Jack: - Isso mesmo, querida! Pare de bater na tia Joey!
E Pacey mostrou a língua para a Amy, tentando fazer com que ela repetisse seu gesto. Ele apontou para a Joey. Então a Amy entendeu o recado e mostrou a língua de maneira rebelde para a Joey.
Joey: - Essa menina é uma pestinha! Tem certeza que só tem dois anos?
Jack: - Ela tem a quem puxar, não é? E com um professor desses como tio, já viu!

No hospital de Capeside, Andie termina de atender sua última paciente. Mais uma grávida de oito meses confusa com o modo que deve respirar quando as contrações chegarem. Andie é uma médica muito dedicada. As enfermeiras adoram a Doutora McPhee. Sempre tão brincalhona e sorridente.Transferiu-se para hospital de lá para ficar perto do seu irmão, que era sua única família agora. Estava se sentindo muito feliz com a mudança. Capeside era uma cidade especial. Ela se sentia agradavelmente à vontade ali, mesmo tendo passado por poucas e boas a nos atrás na adolescência. Teve as crises da sua mãe, a saída do armário do Jack, o fiasco nas eleições do grêmio estudantil, suas visões do Tim, seu rompimento com o Pacey, seu desmaio na Rave...
Tantas marcas de fraqueza, mas que de certo modo a fizeram crescer e chegar a quem ela é hoje. Uma mulher bem sucedida, determinada, forte, mas que ainda precisava tomar suas medicações nos momentos mais estressantes. Ela lembrou que andava ansiosa. Pegou uma cápsula e a tomou com água. Olhou-se no pequeno espelho do seu consultório e organizou seu rosto.  Ela sabia que o Dawson viria passar uns dias em Capeside e que precisava aproveitar aquela oportunidade para conversar com ele. Mas não sabia bem o que falaria. Isso estava a deixando mais aflita ainda. O telefone tocou e atrapalhou sua linha de pensamento. Ela correu e pegou seu celular. Apenas um torpedo... do... DAWSON. “Te pego as 18 hras no seu apto. Vamos ao cinema!”

Andie: - Ai meu Deus! - ela pensou em voz alta.


Ela saiu do hospital às 16 horas e 30 minutos, foi correndo para o apartamento. Abriu a porta e encontrou a Joey no seu sofá. Sorriu mas não foi um sorriso tão sincero. Ela não sentia nenhum sentimento ruim pela Joey, mas a sensação de desconforto foi inevitável. É que a situação andava muito estranha. Ela morando com seu ex-namorado, o Pacey. E a Joey morando com o ex-namorado dela, o Dawson, que estava prestes a se tornar ‘alguma-coisa-a-mais’ para ela. Difícil de lidar com esse tipo de troca ou inversão de casais. A Andie não se sentiu a vontade em Capeside naquele momento. Algo pior estava por vir, ela pensou. Mas ela disfarçou e entrou na sala. Largou seu jaleco e sua maleta num canto da poltrona e abraçou a Joey.
Andie: - E aí... Como está esse bebê e a mãe dele? – sorrio e alisou a barrida da Joey.
Joey: - Ah, estamos bem, Andie! – sorrindo e olhando para as ferramentas de trabalho da Andie logo depois. – E você? Se dando bem... A nova médica de Capeside!
A: - É... Estou adorando! – grande sorriso. – Fazendo o que mais gosto na cidade que amo. – olha o relógio – Oh! Joey, me desculpa, mas tenho que me arrumar. Você se importa se eu correr pro banheiro. Preciso tomar banho.
J: - Não me importo, mas é que... O Pacey ainda não saiu de lá. Incrível como ele demora mais que eu no banho.
A: - Oh! Eu sei bem... Dividir o único banheiro com ele tem sido difícil esses dias! Ok, então eu vou me trocar no Jack. – corre para o quarto, pega umas roupas e sai do apartamento.

Trinta minutos depois a capainha do Pacey toca. Joey ainda está na sala. Pacey ainda está se aprontando. Andie ainda está no Jack. Joey corre para atender a porta. Ela se surpreende com o visitante.
Joey: - Dawson?
Dawson: - Joey?
Dawson e Joey: - O que você está fazendo aqui? – em coro.
D (sorrindo): - Posso entrar?
J (surpresa): - Claro. – e dá espaço para ele passar.
D: - Bom, eu pensei que você fosse passar a noite com a Bessie. Mas deveria suspeitar que estaria aqui com o Pacey.
J: - A idéia era ir para casa, jantar com o papai, a Bessie, mas o Pacey me convidou para sair. E como faz tempo que não...
Andie: - Dawson! – entra na sala, sorri meio tímida. – Você chegou cedo!
Joey olha do Dawson para a Andie. Faz uma careta familiar. Dawson se surpreende com a entrada da Andie, levanta-se do sofá, onde já havia sentado e sorri.
D: - Hm... Confesso que estava ansioso, por isso vim mais cedo. Você se incomoda?
A: - C-claro que não. – sorrindo e enxugando o cabelo com a toalha. – Você espera só um minuto enquanto eu passo uma escova no cabelo?
D: - Claro! – sorriso bobo, olhos brilhando, olhando para Andie.
Andie vai para o quarto. Joey olha para o Dawson. Dawson olha para a Joey, e ainda com um sorriso e meio anestesiado, senta no sofá.
J (sobrancelhas coladas): - Vocês?
D: - Vamos ao cinema, Joey!
J: - Oh! Pacey e eu também! Quanta coincidência, não? – sarcasticamente.

Pacey entra na sala. Dawson levanta-se para cumprimentá-lo.
Dawson: - Pacey. – estende as mãos.
Pacey: - Dawson! – aperta as mãos dele.

Nessa hora a Andie entra na sala. Ela está com um vestido azul claro, de tecido leve e solto. Seu cabelo havia secado e estava lindamente solto e voando docemente com a brisa. A maçã do seu rosto estava rosada, assim como seus lábios. Dawson reconheceu aquela cor, que não era maquiagem apenas. Os olhos azuis da Andie chamavam mais atenção por causa do vestido. Pacey abriu a boca assim que ela apareceu.
Pacey: - Uau! McPhee, como fez essa mágica.
Andie (faz cara feia): - Não enche, Pacey! – olha para o Dawson e sorri. – Vamos? Estou pronta.
Dawson (encantado): - Quando você quiser!
Joey: - Ah! Nós podemos fazer isso juntos, afinal... Pacey e eu estamos indo para o mesmo lugar! Então não há mal nenhum em acompanharmos vocês! – olha para o Pacey com ar de mandona. – Vamos?
P (sem entender bem): - Para onde, mulher?
J: - Cinema, Pacey! CINEMA. Esqueceu?

Joey pega na mão do Pacey e o arrasta para fora do apartamento. Enquanto passam pelo corredor, Pacey fala baixinho no ouvido da namorada.
P: - Nós não íamos jantar?
J: - Ah, mas eu estou com muita vontade de ver esse filme, sabe. Desejo de grávida, acho. – fala sorrateiramente.
P: - E a Andie... Com o Dawson? – aponta com o polegar para trás. – Estão juntos? Desde quando?
J: - Ah! Não sei... Pensei que você soubesse! – um pouco emburrada.
P: - Lamento, Potter! – solta a mão dela, desconfiando do motivo dela querer ir ao cinema.

Os dois chegam ao elevador. Pacey aperta o botão de chamada. Enquanto isso, ainda dentro do apartamento, Dawson está em pé, na porta da sala, esperando a Andie que correu para o quarto para pegar sua bolsa.
A (voltando): - Oh! Desculpe, havia esquecido! – apontou para a pequena bolsa que segurava. – Ah! E isso também. – pegou a fivela rosa e prendeu sua franja de um jeito diferente. Um jeito que fez a fivela feia ficar encantadora.
D: - Agora sim! Completamente linda!
A (encabulada e sorrindo escondido): - Obrigada, Dawson. – olha bem para a roupa dele. – Bem, você não fica muito atrás.
Dawson havia caprichado no figurino também. Usava uma calça jeans escura e uma camisa de botão aberta, quadriculada num azul mais escuro que o do vestido da Andie e por baixo dela uma camisa de malha toda branca. Seu cabelo loiro estava mais comprido também. Mas ainda curto o suficiente para não conseguir prende-lo.

Ele saiu e esperou a Andie fechar a porta do apartamento. Quando ela terminou, Dawson a olhou nos olhos, sorriu. Depois olhou para a mão dela e a segurou. Estava gelada. Andie tremeu um pouco, mas segurou firme na mão dele e sorrio. Caminharam juntos até a porta do elevador e esperaram com os outros dois amigos.

[continua]

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