terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Episódio 717: A menina dos olhos de Capeside


Em Capeside, o forte vento agitava os galhos das árvores naquela noite. O riacho fazia pequenas ondulações movimentando o bote atracado na doca dos Leery. De lá podia ser visto uma luz vindo da janela de Lily. As cortinas floridas dançavam com a forte brisa, mas lá dentro as duas crianças nada percebiam. Olhavam fixamente para a tv. O uivo do vento combinava com as cenas de suspense do filme, gerando repentinos tremores no pobre Alex e, consequentemente, altas gargalhadas na Lily.
Alex pula sentado ao escutar a porta do quarto se fechar sozinha por causa do vento. Lily também se assusta um pouco, mas logo se recupera e, em seguida, começa a rir do amigo. Ele reage fazendo cara de zangado e se levanta do chão deixando cair o resto da pipoca que repousava no pote em seu colo.
Alex: - Viu só o que você me fez fazer?! – aponta para a sujeira do chão.
Lily: - Eu? – ainda rindo e se levantando também. – Que culpa eu tenho de você ser tão medroso, desastrado e divertido? – falou isso olhando o amigo se ajoelhar para juntar as pipocas espalhadas no chão. Como ele não responde, ela percebe que ele ficou realmente zangado, e vai ajuda-lo com a limpeza. – Ah vai, Alex... desculpa, tá bem?
A: - Tudo bem, tudo bem. Já me acostumei com seu senso de humor. – Olha para a amiga e mostra um sorriso escondido num rostinho chateado. Lily olha sorrindo maliciosamente e cutuca a barriga do amigo. Isso faz ele soltar uma risada. – É guerra que você quer? – Lily não responde, apenas continua com o sorriso e o olhar insinuador. - Então é guerra que você terá! – Ataca a garota fazendo-lhe cócegas sem parar.

Abertura de Dawson’s Creek – 7ª temporada. Música: I don’t want to wait.

Andie: - Olhe só como ela fica radiante nessa agitação! – faz essa observação ao Jack enquanto empurra o carrinho de bebê onde a Amy está sentada e caminha junto com o irmão pelo pavimento de acesso ao portão de desembarque do aeroporto de Capeside. Jack, que estava ocupado, procurando alguma coisa no bolso, olha encantado para a afilhada e faz carinho em sua linda cabecinha loira.
Jack: - Essa é a minha pequena garota de Nova Iorque!
A: - E por falar em Nova Iorque, olha quem vem vindo alí... – nesse momento a vó e a mãe da Jen aparecem com o carrinho de bagagem. As duas caminham lentamente ao encontro do trio que as esperava animadamente do outro lado do pavilhão lotado.
Jack dá um afetuoso abraço na Senhora Ryan enquanto Amy se joga para os braços da Senhora Lindley.
Vó: - Oh querida, como você está crescendo depressa! – exclama admirada com o tamanho da Amy.
J: - Impressão sua vó. Acho a Amy tão pequena para a idade dela.
V: - Oh não, meu filho! Ela está bem diferente desde a última vez que a vi. E meus olhos cansados têm experiência para notar cada pequena mudança.
Sra. Lindley: - Além disso, vocês a veem todos os dias por isso não percebem a diferença.
A: - Se bem que...
J: - O que, Andie? – olhar zombeteiro para a irmã.
V: - Diga minha filha. – encoraja ela contra a brincadeira do Jack.
A: - Eu tenho notado... ainda não sei bem o que, mas algumas mudanças na fisionomia da Amyzinha.
Sra. L: - O que por exemplo?
Eles já caminhavam em direção ao estacionamento do aeroporto.
A: - A Amy está ficando menos parecida com a Jen. Não sei bem, talvez os olhos. Mas não podem ser os olhos, porque seus olhinhos são familiares demais.
V: - A minha bisnetinha tem um pai, não vamos esquecer disso, querida. Não poderia ser somente a imagem reproduzida da Jen, não é?! – ela sorri amorosamente para a criança e segura firme a mãe da Andie.

Enquanto isso, Dawson chega ao Ice House e encontra a Katie no balcão despachando um casal.
Dawson: - Licença, você poderia chamar o Pacey, por favor?
Katie: - Sim, eu posso. Qual o seu nome, senhor?
D: - Dawson. Dawson Leery. – pequeno sorriso.
K: - AI MEU DEUS! O senhor é! – aponta para o cartaz do “The Creek” que está pregado logo acima.
D: - Anrram! – achando graça, arqueando uma sobrancelha e sorrindo um pouco tímido, mas orgulhoso.
K: - Ah! Meu deus! – andando de costas, esbarrando nos copos, até chocar com o chefe que já havia saído da cozinha e chegado ao encontro deles. – Ops! – ela se vira para olhar em quem bateu. – Me desculpe, Senhor Witter. É que...
Pacey: - Tudo bem, Katie. Fique calma, garota. – segura a garota nos ombros. – Porque não vai alí na mesa 3 e vê o que o “Seu Barriga” quer para comer?!
K: - Sim Senhor! – sai desconcertada, enquanto o Dawson ri todo bobo.
P: - Aê, galã! Ganhando todas as high schools da cidade! A Katie não pára de me perguntar sobre você, desde que aquela Morgan falou... você sabe... sobre aquele dia lá.
D: - Menos, Pacey, por favor! Nem me lembre disso. – franzindo a testa, mas rindo ao lembrar do acontecido.
P: - Ok! Mas vai negar que gostou, hm? – dá uma palmadinha no braço do amigo, com um sorriso irônico. – vê Dawson levantar as duas sobrancelhas e sorrir, olhando um pouco para o lado. – HAHA!
D: - Está tudo pronto? – mudando de assunto.
P: - Prontíssimo, meu chapa. A propósito, quanta gente vai nessa festa? Sua mãe convidou a população inteira da cidade?
D: - É, eu sei... mas sabe como é a Gale! Além disso, criança como muito e se os amigos da Lily forem como você era... tem motivo terem encomendado tanta comida assim.
P: - Ah... isso é verdade. – sorriso zombeteiro – Vamos lá, eu te ajudo a carregar tudo isso. – olhando para as caixas cheias de comida. – Onde está seu carro?
D: - Logo alí na frente.

Algumas horas depois. As crianças correm pelo jardim, aos poucos os convidados da Lily chegam e logo se dispersam ao redor da casa. Os balões coloridos alegram dando ainda mais vida à atmosfera de frente do riacho. Harry está preparando os hambúrgueres na churrasqueira, conversando com dois pais de alguns dos amigos da enteada. Gale recebe as mães e orienta alguns jovens funcionários do Ice House que vieram ajudar a servir os convidados.
Susan: - Fique calma, garota!
Katie: - Eu não consigo! – elas estão enchendo os copos com refrigerante e arrumando em bandejas na cozinha da casa. – Se o Senhor Witter descobre que você está aqui se passando por uma funcionária dele, eu perco meu emprego na hora!
S: - Relaxa! E bico fechado, vem vindo alguém aí.
Gale: - Hmmm, aí estão as mocinhas com as bebidas! – fala enquanto entra com duas crianças eufóricas. – Meninas, por favor, deem algo para essas duas aqui, ou elas acabarão com a água do lago lá da frente. – as menininhas riem bastante e recebem copos cheios de soda limonada.
S: - Com a sua licença, Senhora Leery, nós já vamos indo lá para fora.  – sorri ironicamente para a Gale, e sai da cozinha carregando uma bandeja numa mão e puxando a Katie pelo braço com a outra.

Nesse momento, lá fora, Andie chega na frente da casa com a Amy em seus braços, junto com a Senhora Ryan, a Senhora Lindley, o Jack e o Doug. Dawson aparece para recebe-los. Andie ganha um beijo do namorado e logo depois é surpreendida com o pulo que a pequena Amy dá em direção aos braços do Dawson. Ele a segura, sorrindo e um pouco assustado.
Dawson: - Ei... tudo bem com você? – fala com a garotinha, cumprimentando sua mãozinha. – Ela dá um lindo sorriso para ele e o beija a bochecha. Em seguida, estira os braços para Andie meio tímida, que a pega de volta atônita. Dawson fica sem graça, mas sorrindo ainda, olha para a vó e continua. – Sra. Ryan, Sra. Lindley... quanto tempo! Como vão?
Vó: - Ô, querido... eu estou como você pode ver: velha!
Sra.: - Mamãe! – a repreende.
D: - A Senhora está ótima. E vamos entrar, minha mãe reservou um lugar para vocês no terraço. Vamos... – dá uns tapinhas nas costas do Jack encaminhando o grupo. – E aê cara, como tem passado? Doug! – Acena com a cabeça para o irmão do Pacey.
Doug: - Dawson. – responde, acenando de volta.
J: - Vai tudo bem, você pode imaginar. Colegiais, fraudas, sua namorada... a vidinha de sempre. Mas e você? Resolveu ficar de vez aqui em Capeside?
D: - Bem que eu queria. Mas não. Vou voltar logo para Los Angeles. Fazer filme, você sabe... a vidinha de sempre. – sorri e mostra a mesa deles.
J: - Obrigado. Vó... – puxa uma cadeira e ajuda ela a sentar.
Enquanto todos se acomodam, Lily chega correndo e esbarra no Dawson, chamando a atenção do irmão e da Andie que ainda está de pé ao lado do namorado.
Lily: - Amyyyyy! – faz festa ao vê-la. – Andieeee! – abraça as duas ao mesmo tempo, eufórica.
A: - Feliz aniversário, Lily! – alisa o cabelo da menina. – Festa animada, hm?!
L: - Sim! E que bom que vocês vieram.
D: - Lily, venha aqui conhecer a vó e a bisavó da Amy. – segura os ombros da irmã e a encaminha para junto das duas senhoras, que a recebem com sorriso, e lhes entregam duas caixas embrulhadas com papel colorido.
L: - Muito prazer. E muito obrigada. – olhando para o tamanho das duas caixas com os olhos arregalados, sorrindo e já pedindo licença, sai correndo para dentro da casa.
D: - Bom, vou chamar minha mãe. Ela tá ansiosa para revê-la, Sra. Ryan. Andie você vem comigo?
A: - Vou sim, coração.

Susan: - Lá está ele, olhe! – aponta para Dawson que acabava de entrar em casa.
Katie: - Estou vendo, estou vendo. – distribuindo copos cheios para uma dúzia de criança ao redor delas. – Mas dá para você me ajudar, por favor?! Até agora eu não entendi qual é essa sua ideia de vir aqui espiar a vida do Dawson Leery. – recebe um olhar indignado da amiga.
S: - Ah, qual é, Katie. Qual parte do “eu quero ele para mim” que você ainda não entendeu? – EI! NÃO PUXA MEU CABELO – grita com um menino mais agitado.
K: - Su, por favor! – repreende a garota tentando fazê-la não chamar atenção. – Já estou arrependida de ter te trazido, sério! Esquece esse homem. Ele não lembra nem que você existe e além disso...
S: - Além disso o que, desembucha.
K: - Você não é a sabe-tudo da série dele?  Então, deve saber que se ele fosse trocar a namorada atual por outra garota, seria pela Sam... quer dizer, aquela moça que namorou o Senhor Witter... Não-sei-quem Potter.
S: - Ah, a Joey? Bem, ela pode ser mais um obstáculo, mas ouvi falar que o Dawson não quer mais nada com ela, então... a área tá limpa para mim?
K: - Limpa? Você é louca garota! Agora esquece isso e vamos pegar mais bebida na cozinha, as bandejas já estão vazias.

Lily: - Alex! Alex! – sobe as escadas de casa e vai correndo em direção ao seu quarto, onde encontra o amigo jogando no seu vídeo game. – Olha só o que eu ganhei! – mostra para ele um dvd do filme Edward Mãos de Tesoura.
Alex: - Que demais! – fala depois de pausar o jogo. – Quem te deu?
L: - A Amy. Na verdade, foi a Andie que comprou, porque eu tinha falado para ela outro dia o quanto queria esse dvd. A vó da Amy me deu um brinquedo de criança, era uma caixa tão grande e eu fiquei tão animada, mas no final o melhor presente foi o da Amy. Você quer ver agora?
A: - Agora? E o meu jogo? E sua festa lá embaixo?
L: - Ah, se nem você quer descer! Qual a graça de ficar lá embaixo sem você? Além disso, o Dean não para de me perseguir. E você sabe como aquele garoto é chato!
A: - Ah, sim! Tudo bem... se você prefere ver o filme, mas se sua mãe subir vai dar uma bronca na gente!
L: - Não esquenta, bobo. A gente desce na hora do bolo... antes disso ninguém vai nem dar por nossa falta.
A: - Anrram... – olhar sarcástico. – Porque ninguém lembra da aniversariante, e tudo mais. – Lily senta ao seu lado na cama e dá o play no filme, nem dando atenção ao que ele fala. Ele se resume a olhá-la sorrindo, afinal, de toda a animação lá de baixo, ela preferia ficar alí com ele.

Andie: - Então, quer dizer que a Joey não vem mesmo?
Dawson: - Sim, e pode parar de disfarçar a alegria.
A: - Nada a ver. – sorrindo – Eu não tenho nada contra a Joey, você sabe.
D: - Anrram, assim como eu não tenho nada contra o Pacey. – sorri de lado para namorada, andando ao seu lado pela doca ensolarada.
A: - É diferente!
D: - Tá bom!
A: - E por falar nele... o Pacey também não vem?
P: - Não sei. Ele me ajudou mais cedo com a encomenda das comidas e falou que viria, mas até agora não deu sinal.
A: - Será que...
D: - Que ele tá com a Joey? Não, não. A Joey não veio porque quis aproveitar mais um pouco a Audrey lá na Califórnia. É última semana da turnê dela por lá. Se bem que, a Joey preferir a Audrey a seu velho clubinho do interior é uma coisa estranha mesmo de se imaginar.
A: - Vai ver tem outro motivo para ela preferir ter ficado em L.A. – fala sorrateiramente.
D: - Que outro motivo? Tá sabendo de alguma coisa que eu não esteja sabendo ainda, Andie?
A: - Não Dawson!
D: - O que é? – olha para consultar melhor aquele tom mais sério da namorada. – Isso é ciúme? – rindo do jeito dela olhar para o riacho.
A: - Eu? Com ciúme? – fala com um tom zombeteiro, mas ainda um pouco sarcástica. – Da Joey? Nunca, coração. – o envolve pelo pescoço com seus braços e sorri, juntando as sobrancelhas, franzindo os olhos.
D: - Anrram! Eu sei. – sorri, achando graça, e vai aproximando seu rosto ao dela, segurando o quadril da namorada e a trás para perto do seu corpo, roça seu nariz no dela e dá um selinho, parando para olhá-la nos olhos e sorrir novamente, para finalmente beijá-la.
No meio do beijo, Doug vem correndo pela doca com a Amy no braço, o som de suas passadas e a própria vibração da doca chama a atenção do casal, que só desviam seus olhares deles mesmo, realmente, quando Doug fala.
Doug: - Andie! – para próximo ao casal, ofegante com a pequena corrida.
A: - O que foi Doug? – olha para ele assustada.
Doug: - A vó! Digo, a Sra. Ryan... passou mal e foi levada direto para o hospital com o Jack e a filha dela.
A: - Oh!
Doug: - Eu estou indo para lá agora, eu vim buscar você para ir comigo!
A: - Claro! Claro! Vamos depressa!
Doug: - E a Amy? Melhor não levarmos!
Dawson: - Eu fico com ela. – recebe a menina dos braços do Doug e segura firme a mão da Andie. – Não se preocupe, eu vou cuidar bem dela. Agora vá e telefone para mim assim que tiver notícias.
A: - Obrigada, meu amor! – aperta a mão dele de volta e tenta dá um sorriso para Amy.
Dawson: - Agora vá! Corra!
A: - Certo! Tchau! – e vai correndo pela doca junto com o Doug, enquanto Dawson acalmar a pequena e assustada garotinha no seu colo.

Episódio 716: É uma longa história


Los Angeles, tarde quente. Dawson chega mais cedo, entra em casa e encontra Joey deitada no sofá lendo um livro.
Dawson: – Ainda aquela prova de História da Arte? - ele diz com um sorriso meio de lado, enquanto coloca as chaves de casa sobre a mesa.
Joey: – Não. Interesse particular mesmo. Pode ser? - arqueia as sobrancelhas como se esperasse uma resposta.
D (ri ao ouvir a resposta dela e se inclina para tentar ler o nome do livro): - O fantasma da ópera? - sorri se aproximando do sofá segurando as pernas dela para poder se sentar colocando as mesmas sobre seu colo – Por que não viu o filme? Pouparia umas horas de leitura...
J (sorriso de menina de 15 anos, mexendo os pés implicando com ele): - Eu vi o filme!
D (segura os pés dela impedindo de meche-los): - Então por que tá lendo?
J: - Ah vai, Dawson, não é por que você virou um “cineasta de sucesso” – fala sarcasticamente – que você vai dizer que um filme consegue passar todas as emoções que um livro passa.
D: – Vou dizer sim! – ele sorri pra ela olhando a expressão de raiva se formando em seu rosto – Esse seu olhar zangado sempre foi o seu charme, é o mesmo olhar, o mesmo de quando te empurrei “sem querer” – da ênfase – no riacho.
J(sorri irônica, tirando as pernas de cima ele e se sentando): - E se me lembro bem... – arqueia as sobrancelhas o olhando e colocando o livro na mesinha ao lado – Até hoje não me vinguei! – avança sobre ele e começa a fazer cócegas.
D(rindo muito tentando segurar os braços dela): - Belo modo de se vingar!
J: – Ah é, não é? – rindo sem parar de fazer cócegas.

Abertura de Dawson’s Creek – 7ª temporada. Música: I don’t want to wait.


Capeside, manhã do dia seguinte. Pacey prepara o café feliz da vida, enquanto Andie se aproxima da mesa da cozinha e se senta em uma das cadeiras.
Pacey (assoviando “The Killer song”, nota a presença de Andie): - Bom dia McPhee! - coloca uma omelete num prato para ela.
Andie (olha a omelete): - Viu um passarinho verde, Pacey? – sorri ao olhar para ele.
P: – Não. Mas... adivinha! – arqueia as sobrancelhas, se virando para ela, limpando as mãos no próprio avental – Hoje... – gesticula com as mãos – É o grande dia McPhee!
A: - Grande dia? – franze a testa como se não entendesse – Achei que o grande dia tinha sido anteontem quando você foi aceito na universidade de Capeside, que por sinal, me rendeu uma enorme ressaca ontem.
P: – É aí que você se engana, McPhee. Aquele dia foi apenas o início. – puxa uma cadeira se sentando ao lado dela na mesa – A Tamara, ou melhor, Sra. Jacobs me ligou esta manhã e disse que tenho hora marcada hoje na universidade para falarmos da minha situação. – sorri – Eu ainda não acredito que finalmente, FINALMENTE eu fiz alguma coisa certa.
A: – Isto é maravilhoso Pacey! – o abraça forte – Eu sempre acreditei que você era capaz.
Pacey sorri olhando para o rosto de Andie, se perde em pensamentos por um momento e não diz nada. Andie percebe que ele não diz nada e se afasta.
A: - O que foi Pacey? Isso tudo é felicidade? – sorrindo.
P (se toca): - Que? Felicidade? – rindo – Não... É que eu estava lembrando algumas coisas.
A: – Então vamos comemorar! De novo! – o abraça novamente – Estou tão feliz por você!
P (abraça forte e fecha os olhos enquanto se perde em lembranças novamente): - Obrigado... É muito importante para mim ter seu apoio...
A: – Sim! E o Dawson chega hoje! Nós podemos sair para comemorar com ele.
P (acorda do “transe” ao ouvir o nome “Dawson”): - Ah... sim... – sorrindo forçado – Acredita que eu tinha esquecido que ele chegava hoje?

Dawson está arrumando sua mala, quando escuta um barulho na sala e vai ver o que é. Percebe que era Joey que tinha fechado com muita força seu livro de capa dura.
Dawson: – Joey? O que aconteceu? – franze a testa segurando o sorriso.
Joey (inconformada): - Terminei de ler o livro, odiei o final! Como é possível Dawson?
D: – Foi tão péssimo assim? – rindo das caretas que a amiga fazia ao comentar do livro.
J: – Mais do que péssimo! – frustrada – Sabe o que é você torcer por algo, querer muito que termine de uma forma e no final terminar de uma maneira completamente diferente?
D (pensa por um momento): - Eu acho que sei... Então... você sabe onde eu deixei o meu suéter azul? – mudando de assunto.
J: – Último cabide do lado esquerdo do seu armário. Mas é sério! – pega o livro, abrindo mais ou menos na metade – Olha isso... – mostrando um diálogo do livro – Dá para ver que ela realmente ama o fantasma, mas ela não deu a mínima chance para ele! – folheando as páginas do livro freneticamente.
D (olha o dialogo do livro quando ela mostra, se senta ao lado de Joey): - Talvez ela esteja apaixonada por outro... como mostrado no filme...
J (sorri ironicamente): - Sim senhor-sabe-tudo... Mas no filme também mostra que ela ama o fantasma, e que mesmo quando está com o Roal, seus pensamentos e desejos sempre retornam para ele.
D: – Talvez o autor queira mostrar que o que ela tem com o fantasma é mais desejo do que amor... – olha para Joey, pega o livro de sua mão e folhea, tentando achar um bom diálogo – Já com o Roal... – mostrando um diálogo entre Roal e Christine no livro – É um amor puro... que veio da amizade deles de infância... Mostrando que eram verdadeiras almas gêmeas. Por isso o escolheu. Porque era o certo. Pois ela sabia que iria se arrepender futuramente caso não ficasse com ele – olha para os olhos da amiga que parecia pensativa naquele momento.
J (tenta desviar o olhar por algum momento): - É... – custando a admitir – Talvez você esteja certo. Mas me diz... – se virando melhor para ele, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha – Acha que assim como no livro, um desejo pode ser tão grande que chegue a se transformar em amor? Mesmo que se tenha repulsa pelo outro?
D: – Não sei Jo... mas depois de tudo que já vi por ai... – sorri lembrando – Acho que acredito em qualquer coisa...

Pacey chega à Universidade Comunitária de Capeside para se encontrar com Tamara e conversar sobre seu ingresso no curso de gastronomia. Ele bate três vezes na porta da reitoria antes de entrar.
Pacey: - Licença? – arqueia as sobrancelhas entrando na sala. Olha para o Reitor – Ah! Desculpe senhor, eu acho que entrei na sala errada – se vira para sair da sala.
Reitor: – Não, se você se chamar Pacey Witter. Sente-se aqui, garoto. Sei que você combinou com a Sra. Jacobs, mas depois de olhar o seu histórico quis tratar do seu assunto pessoalmente.
P (ouve o que o reitor fala, e volta a entrar na sala): - Olhou o meu histórico? – junta sobrancelhas por momento – Acho que essa é a hora que devo ficar com medo não é? – sorri sem graça com a situação, se aproximando puxando uma cadeira.
R (rindo muito): - Tinham me falado já do seu senso de humor garoto! Vamos, fique à vontade – aperta um botão pedindo a secretária para trazer café.
P: – Então... – ri ainda desconfortável com a situação – Não foi só pra tomar café que o senhor me chamou aqui...
R (sorrindo): - Não. Na verdade eu queria mostrar uma coisa... – pegando uma pasta relativamente grande de dentro de uma das gavetas de sua mesa – Aqui... – pausa – Pacey não é? Bem, como eu ia dizendo... Aqui tem todo o seu histórico e ocorrências. Resumindo, essa pasta contém todas as informações da sua vida escolar. E tenho que dizer que ela me chamou atenção pelo tamanho, principalmente a parte das ocorrências – sorriso maquiavélico.
Pacey olha assustado para o tamanho da pasta e para o reitor. Tenta rir das tentativas do velho homem de ser engraçado.
P: - Pois é... Quem disse que tamanho não é documento não é mesmo? – força uma risada arqueando as sobrancelhas.
Horas mais tarde Andie está sentada na doca da casa do Dawson esperando ansiosamente pela sua chegada. Olhava para o relógio de trinta em trinta segundos. Resolve caminhar pelo jardim, levanta e vai em direção à casa dos Leery quando vê um taxi se aproximar. Dawson sai do carro deixando sua mala sobre a grama, corre em direção a Andie, sorrindo. Ele a abraça.
Dawson: - Senti sua falta. Quanto tempo faz? Vinte anos?
Andie - Não me envelheça tanto, Coração! – o beija profundamente e sorri logo em seguida – Onde está a Joey? – olha para trás dele como se estivesse procurando alguém.
D: – Se eu te contar você não acredita... – envolve a namorada com um dos braços e vai entrando na casa.

Depois de algum tempo, na cozinha da casa...
Andie: – Deixa ver se entendi... A ex-colega de quarto da Joey voltou para o país depois de ter saído em turnê, abrindo shows de uma banda, e convidou a Joey para assistir a um concerto dela em Los Angeles, e como a Joey não a via há muito tempo, ela decidiu ficar para colocar o papo em dia com a Audrey? É Audrey o nome dela, né? – olhando confusa para o Dawson, enquanto o Pacey entrava na cozinha.
Pacey: - Desculpa, mas eu escutei o nome Audrey? – Dawson e Andie olham ao mesmo tempo para ele.
Dawson: – Você está aí há muito tempo?
P: - Nops! Acabei de chegar. – se aproximando da mesa puxando uma cadeira – Mas é sério? Audrey está mesmo por aqui? – muito surpreso e um pouco empolgado.
D: – Sim, a mesma Audrey que destruiu a minha casa. Não está exatamente aqui, em Capeside. Está em LA. Joey vai encontrar com ela está noite.
A: – Como é? – perplexa – Destruiu a sua casa? Como?
P: – É uma longa história McPhee... – segura a jarra de suco servindo um pouco para si mesmo.
A: – Depois quero saber essa história! – olha para os dois, morrendo de curiosidade – Mas então Pacey, como foi a sua conversa com a Tamara? Ela te deu os parabéns por ter conseguido ser aceito na Universidade?
D: – Universidade? – olha para Pacey meio surpreso.
A: – É uma longa historia... – pisca um olho pro namorado e da um beijo no rosto dele.
Pacey sorri meio sem graça e dá um gole do suco.
P: - É parece que temos muitas longas histórias para contar.

Noite badalada em LA. Joey pega um taxi para ir ao endereço que Audrey passou por telefone. Ela nem acredita que vai voltar a ver a amiga depois de tantos anos. Chega à boate.
Joey: - Desculpe, mas minha amiga disse que eu não precisaria de ingresso para ver o show.
Segurança (tentando conter as pessoas da fila): - Qual é o seu nome senhorita?
J: – Joey Potter. – com as mãos nos bolsos do casaco, se estica pra tentar ver se seu nome esta na lista.
S: – Aqui está. A senhorita está listada como convidada VIP. Pode seguir por essa porta, por favor?
J: - VIP? – sorri, toda boba – Claro, eu vou por ali, né? – olha a porta e vai andando na direção indicada – Hmmm... VIP – ainda abobalhada, entra no lugar e encontra a casa lotada de gente de todos os estilos. O palco era enorme e a casa toda estava decorada com artigos de cores chamativas com o jogo de luzes combinando. Joey vai andando, olhando para todos os lados. Deslumbrada, acaba tropeçando em alguém, e quase caindo.
J: - Ai! – sente que foi segurada, se recompõe olhando para baixo com vergonha – Oh! Desculpa, acho que não olhei bem pra onde andava... – levanta o rosto olhando para quem a havia segurado. Entreabre a boca, ficando sem palavras por um momento – Ah... É... – olhando o grande homem de cima a baixo notando que só vestia uma calça social e um coletinho, era moreno e tinha o corpo completamente definido. Arqueou as sobrancelhas ao notar uma tatuagem na cintura do rapaz, mas a calça dele impedia de ver o resto. Voltou a olhar seu rosto, balançando a cabeça por um momento – O que quero dizer é... – fitando o cabelo escuro e curto do rapaz, seus olhos negros, e as sobrancelhas grossas que pareciam querer uma resposta – Desculpa.
Rapaz: – Da próxima... mira donde andas... bye niña... – pisca e segue para outro lugar do estabelecimento.
J (franze a testa sem entender muita coisa): - Que? Ei? – enraivecida – Ele me xingou? – falando sozinha, olhando o rapaz seguir seu caminho. Leva uma das mãos até a própria nuca afastando cabelo rapidamente, sentindo muito calor. Respira fundo.
Enquanto isso, Dawson, Andie e Pacey ainda conversam na mesa da cozinha da casa dos Leery.
Andie: – Isso não é justo! – finge estar revoltada – Enquanto eu tinha que dissecar cérebros alheios vocês destruíam casas por ai!
Dawson: - Não fomos nós... Só a Audrey. – rindo dela – Seu irmão não te contou nada mesmo, hein? Falando no Jack, Cadê ele?
A: – Ele foi à Nova York, para a casa da vó com o Doug e a Amy. Parece que a vó vai fazer alguns exames e ele queria acompanhá-la. – se vira para o Pacey – E então Pacey, foi só isso que o reitor disse?
Pacey: – Sim, ele disse que mesmo com meu histórico ruim eles me aceitariam na Universidade por que eu fui muito bem na prova de admissão e por eu já ter uma certa familiaridade com gastronomia. Só que disse que por eu ter tido muitos problemas de comportamento na minha vida escolar, qualquer coisa que eu “apronte” eu posso ser expulso. – olhando para os dois – Por um momento parecia que eu tinha voltado aos meus 16 anos e estava escutando o nosso querido diretor. E sério, nem eu imaginava que tinha tantas ocorrências assim, vocês precisavam ver o tamanho daquela pasta!
Em LA, Joey procura pelo camarim de Audrey, ainda inconformada com o acontecido de pouco tempo atrás.
Joey: – Como tem gente sem educação no mundo... – falando sozinha – E aquilo é jeito de se vestir? Ele deve se achar o maioral só por que tem aquele corpo, todo definido e perfeito, com aquele braço enorme e musculoso. Mas com certeza não tem nada na cabeça! – revoltada, sente calor novamente vê a garçonete passar com um copo de refrigerante gelado. Pega o copo e bebe um gole para se refrescar.
Audrey: - OH MY GOD! JOOOOOEY POTTEEEEER!!!!!!
Joey (quase cospe o refrigerante pelo susto que leva, se vira de costas, sorri): - Audrey!
A: – SANTA POTTER! COMO VAI? TENHO TANTA COISA PRA TE CONTAR! – pega Joey pelo braço – VOCÊ TEM QUE CONHECER O MEU CAMARIM! MENINA VOCÊ NÃO SABE COM QUEM EU DORMI EM LONDRES! – arrastando a Joey, literalmente, para o camarim. Joey ri com tudo que escuta, já estava com saudades de lidar com ela.
J: - Com quem? Jude Law? – irônica – Por que se não foi com ele não vale apena! – rindo.

Em Capeside, Dawson, Andie e Pacey assistem filme no quarto e contam histórias engraçadas da época em que Andie estava na faculdade.
Pacey: – Pois é, acho que é a minha sina namorar garotas que acabam numa clinica de recuperação... – rindo. Andie joga uma almofada nele.
Andie: - Não teve graça!
Dawson: – Eu acho que é você que faz tanto mal para elas que elas acabam internadas hein? – Fala com ironia pro Pacey.
P (finge uma longa risada): - Muito engraçado Dawson... MAS não fui eu que tive um amigo bêbado dando em cima da minha própria mãe! – Andie ri da situação.
D: – Eu não tive como controlar o Todd! Mas ele melhorou bastante em relação ao álcool. Agora quando o encontro ele só esta ‘parcialmente’ bêbado – rindo.
E continuam contando velhas histórias por muito tempo.
Enquanto isso Audrey conta tudo de suas viagens para Joey antes de subir ao palco.
Audrey: – Você não sabe como a série do Dawson faz sucesso na Europa! Eu contava para todo mundo que ele era meu amigo e que eu fiz o papel de Srta. Jacobs no seu filme independente que deu origem a série.
Joey: – Eu imagino você contando pra todo mundo Audrey, se vangloriando por aquele papel no filme – rindo.
A: – Mas é verdade! Ou vai dizer que eu não merecia um Oscar? – olha para o lado – JUAN!!! JUAN, VEM CÁ! QUERO TE APRESENTAR UMA PESSOA!
Joey toma um susto com o grito repentino da Audrey, se vira para a direção que ela chamava o amigo. Pára tensa, bebe um pouco do refrigerante que ainda tinha em mãos.
Juan: – Hola Audrey. – beija o rosto dela – Que passa? – olha para a moça ao lado de sua amiga.
A: - Está é Joey Potter. Joey, esse é o guitarrista da minha banda, Juan Navarro. Ele é espanhol, então não fala muito bem a nossa língua.
Em choque ao notar que o rapaz era o mesmo que ela havia esbarrado quando entrada na casa de shows, Joey se engasga com o refrigerante e tosse um pouco. Volta a olhar o rapaz, ao ver que ele estendia a mão. Segura a mão dele num cumprimento meio seco.
Juan: – Entonces, usted es Joey Potter que Audrey habla tanto, no? – puxando uma cadeira e se sentando entre elas.
A: – É ela mesma! – rindo com isso – Conheci o Juan num show que fiz na Espanha, e ele toca tão bem que o chamei para ser guitarrista da minha banda. – percebe que a Joey está olhando para o peito desnudo do rapaz, arregalando os olhos, tentando desviar o olhar, visivelmente desconfortável com a situação – Que foi Joey? Nunca um homem sem camisa? – rindo, fita o peito de Javier – Apesar de que, como esse, duvido mesmo que tenha visto. – sorri para ele mordendo os lábios, em seguida abraça o amigo – Gostou do figurino dele? Eu mesma que tive a idéia de todos da banda usarem essa roupa no show. – Juan ri com o que a Audrey diz e a olha para Joey.
Joey: – Cala a boca, Audrey! – ri sem graça, muito desconfortável com a situação. Tenta desviar olhar do rapaz durante o resto da conversa. – Então, vão ficar em LA por muito tempo?
A: – Só Deus sabe! Eu espero que por muito tempo! Bom, Joey, eu preciso ir aquecer minha voz, te vejo no show! – beija o rosto da amiga e se retira.
Joey (olha para o rapaz e não consegue deixar de perguntar): - Por que não disse que já me conhecia?
Juan: – E te conosco por acaso niña? Solo se ser desastrada es um modo de conocer ôtras personas em seu país. – sorri, pisca um olho e se levanta indo na mesma direção que Audrey.
Joey (entreabre a boca não acreditando no que havia escutado: - Como é? – com muita raiva, o vê levantar e sair – E no seu país não te deram educação? – fula – Idiota! – com calor, bebe o resto do refrigerante todo de uma vez.
Joey vai para o camarote onde assiste ao show e presencia como a Audrey evoluiu em todo esse tempo fora do país e em como está feliz por ela. Também não consegue deixar de notar o rapaz tocando muito bem em seu show. No final seu telefone toca.
Joey: – Oi?
Dawson: – Joey? Tudo bom? E a Audrey? Estamos todos aqui muito curiosos para saber como ela está...
Joey (olha para o palco onde Audrey acabava de sair e as meninas gritavam e jogavam peças de roupa para Juan. Respira fundo): - Bem Dawson, é uma longa história.

Episódio 715: Eles vivem entre o céu e o espaço


Los Angeles, madrugada fria. Depois do restaurante, Dawson chega em casa com Andie adormecida em seus braços. Ele acende a luz da sala e segue até seu quarto. Deita a namorada na cama e a observa por algum tempo. Ela dorme encantadoramente, como uma criança feliz e cansada de um dia cheio de aventuras. Então, ele lembra de cobri-la com um cobertor mais quente. Vai até o guarda-roupa e ao abri-lo encontra Joey sentada lá dentro. Ele tenta ficar bravo e reclamar, mas a cena é cômica demais para algum tipo de raiva. Olha de volta pra Andie, ela continua em sono profundo. Faz um sinal à Joey para que ela não faça barulho. Pega o cobertor de malha grossa, cobre Andie e a beija suavemente.
Dawson volta à porta do guarda-roupa e encara Joey. Ela apenas enxuga o rosto molhado das lágrimas, e continua calada, esperando ele falar alguma coisa. Mas ele não fala nada, simplesmente pega uma caixa numa prateleira superior do guarda-roupa, abre e tira uma coisa de lá. Entrega o E.T. de pelúcia para a Joey, senta de frente pra ela lá dentro e fecha a porta do guarda-roupa.
Dawson: - Telefone?
Joey: - Casa! – com a voz tremida por ter chorado, mas satisfeita, por se sentir reconfortada naquele lugar, com aquela situação tão familiar e acolhedora. – Me desculpe por hoje, Dawson.
Dawson: - Ok!

Abertura de Dawson’s Creek – 7ª temporada. Música: I don’t want to wait.

Capeside, dias depois, cedo da manhã. Andie chega no prédio. O porteiro entrega as correspondências. Um dos envelopes, o maior deles, é para o Pacey e tem o brasão da Universidade de Capeside. Andie corre até o elevador e sobe desesperada. Abre a porta do apartamento, chamando (ou melhor, gritando) pelo amigo.
Andie: - PAAAAAAACEY! PAAAAAAAAACEEEEEY! – procurando. Entra no quarto e pula na cama. – Acorda, acorda, acorda! – cutucando o homem de pedra.
Ele começa a abrir os olhos, preguiçoso. Espreguiça-se, e faz cara feia pra ela.
Pacey: - O que é, sua doida?! – desviando das mãos dela e tentando sentar.
Andie: - Opa! Doida não! – pára de repente.
P: - Tá certo! – rindo um pouco. – Esqueci, esqueci...
A: - Tudo bem. – revira os olhos e balança a cabeça, voltando a rir empolgadamente.
P: - Pronto. Agora você tem que me dizer por que tá querendo me matar do coração!
A: - Adivinha o que estou segurando aqui atrás. – escondendo o envelope nas costas.
P: - Ah meu Deus! – ansioso.
A: - “TCHAN-RAAN!” – mostra o papel pra ele.
P: - Ah meu Deus! – toma o envelope das mãos dela e começa a abrir rapidamente. Ela espera ele ler, apreensiva. – Eu fui aprovado! – em choque, sem reação.
A: - Ah meu Deus! – radiante. – Você conseguiu Pacey!
P: - Eu consegui! – levanta. – Eu vou pra faculdade, McPhee! – puxa ela e a suspende num abraço giratório.

Em outra parte de Capeside, no B&B Potter’s.
Alex: - Mãe, eu já posso usar o barco da tia Joey pra ir a casa da Lily?
Bessie: - Essa pergunta outra vez, filho? Quantas vezes a mamãe vai ter que dizer que você ainda é muito pequeno pra usar aquilo?! É perigoso!
Alex: - Mas mããããe! – choromingando.
Bessie: - Eu já falei NÃO, Alex! – reclamando.
Ele vai para o quarto resmugando.
Bessie: - Eu estou ouvindo, seu mal criado! – grita da cozinha.

Alex foge pela janela e corre para a pequena doca, entra no barco e rema em direção ao outro lado do riacho. Lily o espera em pé na sua doca, de braços cruzados aparentemente com raiva. Alex a vê e percebe sua expressão zangada.
Lily: - Olá “Papaleguas”! – sarcasticamente.
Alex: - Desculpa. Mamãe estava implacável hoje.
Lily: - Tudo bem. Vamos logo, sobe aqui. – o ajuda a subir na doca e os dois correm pelo jardim até a garagem dos Leery. Lá descobrem a velha escada e juntos tentam tirá-la do lugar. Mas logo na primeira tentativa um pequeno desastre acontece. A escada choca-se com uma estante de onde caem algumas caixas. As duas crianças se olham assustadas e ao mesmo tempo preocupadas com a bronca que levariam da Gale.
Eles soltam a escada no chão e vão direto para as caixas. Tudo que havia dentro delas estava espalhado ao redor deles. Eram coisas velhas: antigos casacos, objetos surrados, e fotografias. Os dois examinaram tudo e ficaram curiosos quando encontraram fotos de desconhecidos. Nesse momento, Gale entra correndo na garagem e encontra Lily, Alex e a bagunça.
Gale: - Crianças, vocês estão bem? – ofegante
Lily: - Calma mãe. Não aconteceu nada, ok?!
G: - Nada? E que barulho foi aquele? Olha só essas coisas todas no chão...
Alex: - Nós viemos pegar a esca... – Lily tapa a boca dele rapidamente e completa a frase.
L: - ... a esPAda de Jedi que o Dawson falou que tinha guardado aqui, mãe. Mas a gente não tá conseguindo encontrar.
G: - Vai ver é porque o seu irmão nunca teve uma espada de Jedi.
L: - Ah não? Jurei que ele tinha dito o contrário!
G: - Você pensa que me engana, Lily?!
A: - Senhora Leery... – levanta e vai até ela. – Quem são esses? – mostra uma fotografia.
Gale contempla a fotografia por um instante, lembrando do passado, quando o Mitch ainda estava lá com ela e o Dawson. Lembra que foi ele o autor daquela foto, e da grande maioria das outras que estavam espalhadas pelo chão da garagem.
L: - Vai mãe, responde!
G: - Ah! – volta ao presente. – Então Alex, Lily, esse garoto aqui é o Dawson aos quinze anos de idade. E essa é a sua tia Joey, Alex.
A: - Uau!
L: - E os outros?
G: - O garoto moreno com roupa de monstro é o Pacey.
A: - E a garota bonita de cabelo amarelo?
G: - Essa é a Jen.
L e A: - Jen? Quem é essa?
G: - Bom, sentem aqui crianças. – os três sentam juntos, do lado das coisas. – Vocês lembram da pequena Amy? – ambos fazem sinal positivo com a cabeça. – Ela mora com os padrinhos: o Jack e o Doug, ok?
L e A: - Ok!
G: - Mas ela teve uma mãe e um pai. E tem uma avó e uma bisavó, que moram em outra cidade. O pai da Amy eu nunca conheci, mas a mãe dela morou aqui em Capeside. Ela foi nossa vizinha por um bom tempo. Ela era muito amiga do Dawson, da Joey e do Pacey. E é ela a garota bonita de cabelo amarelo dessa foto, Alex.
A: - Nossa! Ela é a moça que desmaiou na festa do seu casamento, Senhora Leery?
G: - Sim.
A: - Nossa, eu lembro! Ela está morta! – desanimado.
L: - Que história triste! – quase chorando. – A Amy é uma órfã! Eu vi, naquele filme, o que aconteceu com a garota órfã. Ela se tornou uma garota má.
G: - Lily, calma! Não fique assim! – a abraça. – Viu só o que dá ficar assistindo filme que não é indicado para sua idade? – alisa o cabelo dela e conclui. – A Amy não será má, porque ela tem muitos amigos que a amam, e que nunca a deixarão sozinha.
A: - É verdade, Lily! Eu, por exemplo, adoro brincar com ela.

Em Los Angeles. Dawson chega em casa e encontra Joey deitada no sofá, lendo.
Dawson: - Oi.
Joey: - Oi. Então, como é que foi tudo lá? – senta curiosa e tira os óculos de leitura.
D: - Deu tudo certo na entrevista coletiva. O Spielberg me deixou responder quase todas as perguntas. Incrível como correu tudo bem. Meu nervosismo foi em vão.
J: - Ah Dawson, isso é ótimo! Mas realmente aquela sua aflição “pré-coletiva” foi algo desnecessário. Eu tinha certeza que você se sairia bem.
D: - Você geralmente confia demais em mim. – sorrindo.
Joey revira os olhos sorrindo também.
D: - Mas e então... além de ler Jane Austen, o que pretende fazer essa noite?
J: - Ler outros livros. Preciso estudar para a prova de História da Arte. Melhor do que fazer desenhos de frutas.
D: - Quer dizer que vou sozinho a estréia do filme?
Ela levanta uma sobrancelha e sorri maliciosamente pra ele afirmando que sim.
D: - Ah, vamos lá, Joey. Vai trocar de roupa.
J: - Uh... tudo bem, eu vou! – levantando do sofá. – Mas é só porque eu sei que o Spielberg vai estar lá! – sorriso brincalhão.

Na mesma noite em Capeside, Andie acaba de largar do trabalho e encontra Pacey dentro de um carro no estacionamento do hospital. Ela se surpreende. Ele sorri para ela. Ela vai até a janela do carro dele.
Andie: - Tá fazendo o que aqui?
Pacey: - Entra no carro, McPhee.
A: - O que? Por quê?
P: - Noite de comemoração. Vamos lá, entra logo! – animado.
Ela ri entusiasmada. Entra no carro e senta do lado do Pacey.
A: - Onde iremos, senhor Universitário?
P: - Boa pergunta. Não faço a menor idéia.
A: - Panquecas?
P: - Ok, sou pró-panquecas!
Liga o carro e dá partida, fazendo barulho com os pneus. Andie grita e ele faz careta com a dor aguda que a voz dela provocou.

Dawson e Joey chegam ao espaçoso terraço da entrada do miniteatro onde o filme será pré-lançado. Os seguranças permitem que entrem assim que Dawson mostra seu cartão de acesso. Logo mais adiante encontram a equipe técnica que produziu o filme. Dawson apresenta Joey a todos; ela é bastante simpática, mas somente quando avista o Spielberg é que fica satisfeita. Eles caminham até ele e o cumprimentam. Spielberg recebe toda cortesia que a Joey é capaz de dar a alguém como ele e logo em seguida apresenta seu assistente, John, um jovem rapaz de 25 anos. Joey achou que ele não estava muito a vontade ali, pois não sorriu em nenhum momento. Algum tempo depois, chegou a hora de todos sentarem nos seus lugares para a exibição do filme. Spielberg sentou num dos lados de Dawson e Joey no outro. Ela percebeu e estranhou a ausência do John. Assim que as luzes apagaram e a primeira cena deu início, Joey chamou o Dawson silenciosamente.
Joey: - Muito estranho esse assistente do seu chefe. – cochichando.
Dawson: - Por que você está dizendo isso? – sem tirar os olhos da tela.
J: - Não finja que não percebeu. Ele não está aqui na sala e mal conversou lá fora.
Dawson olha ao redor discretamente, procurando o John. Não encontra; olha para Joey franzinho levemente as sobrancelhas.
D: - Estranho! – e volta a prestar atenção no filme.
Joey dá mais uma olhada ao redor, em vão. E, finalmente, começa a assistir o filme.

O filme termina, todos aplaudem e vão ao encontro do diretor, produtor, atores etc para parabenizá-los. A festa começa no salão do teatro, Dawson deixa Joey esperando enquanto é levado por um conhecido a outro lado do salão para falar em particular.
Lucas: - Dawson, eu tenho uma grande proposta para você. A minha produtora está precisando de alguém que dirija o pessoal, que tenha uma visão clássica e ao mesmo tempo inovadora, criativa. Ou seja, você! Hollywood vai cegar suas idéias, cara! Tá na hora de sair de debaixo das asas do Spielberg e começar a fazer cinema de verdade.
Dawson sorri da atitude preocupada do amigo. Pega dois drinks da bandeja de um garçon que vai passando por ali naquele momento, olha pro Lucas por uns segundos, pensativo, então responde.
D: - Olha, Lucas, eu até entendo sua preocupação e agradeço o que foi proposto. Mas gostaria que você olhasse para onde estamos agora. Uma festa de comemoração. Aproveite esse momento. O filme da pessoa mais importante que conhecemos está sendo lançado, e com muita honra, nós podemos dizer que demos nossa contribuição para isso. Seria muita falta de consideração qualquer tipo de pensamento que chegue perto do que você acabou de falar. – e vai embora, antes que o outro volte a falar.

Andie e Pacey saem da lanchonete com as mãos ocupadas com embalagens de panquecas e copos de refrigerante. Andie está rindo excessivamente do Pacey. Ele faz aquela sua expressão de quem andou aprontando.
Andie: - Você assustou a garçonete com aquele pedido. – entre risos.
Pacey: - Eu? Não tenho culpa que meu jeito natural ‘Harrison Ford’ de ser tenha aludido segundas intenções na mente dela.
A: - Claro, Han Solo! – entra no carro e pega a direção.
P: - Que? – balança a cabeça negativamente olhando pro céu. – McPhee, eu não ando num carro com você de motorista.
A: - Entra logo, Paceeey. – gritando por ele lá de dentro do carro.
P: - Que a força esteja com você! – fala pra ela enquanto senta no banco de passageiro e coloca o cinto de segurança.
Andie responde com um sorriso angelical e uma forte pisada no acelerador.

Joey caminha por um corredor onde estão expostas várias pinturas em grande escala. Enquanto observa uma em especial, é surpreendida por uma voz cordial, mas nada familiar.
John: - Você gosta? – olhando pra mesma imagem que ela.
Joey: - Ela tem uns traços delicados. – responde sem jeito, devido a dupla surpresa; afinal estava concentrada analisando o quadro, e nunca imaginaria que o dono daquela voz poderia ser o mesmo John de horas atrás.
John: - “Ela” é a minha mãe. – olha profundamente nos olhos da Joey e sorri um sorriso que tirou o fôlego dela. Ela demora um pouco a recompor a voz.
Joey: - Sua mãe?! Uau! Nossa, ela é muito boa no que faz.
John: - No que fazia. Ela está morta. – volta a olhar pro quadro um pouco sério, lembrando o John de antes.
Joey: - Oh, sinto muito. – olhando pro chão, colocando o cabelo atrás da orelha.
John: - Tudo bem. Já faz um bom tempo. – olha pra mão da Joey – Você também pinta?
Joey: - Ah, não! – esconde a mão no bolso – Não, não! Só exercitando para o curso de arte que faço aqui em Los Angeles.
John: - Não é daqui?
Joey: - Sou de uma pequena cidade do interior. Capeside, você não deve conhecer.
John: - Infelizmente não conheço. – caminha até o próximo quadro. É seguido por ela.
Joey: - Por que você não assistiu o filme?
John sorri, vira-se para olhá-la, novamente aquele sorriso, novamente aquele olhar.
John: - Bom, eu posso responder se você prometer não repetir isso para mais ninguém.
Joey: - Eu prometo. – fingindo trancar os lábios com um cadeado invisível.
John: - Bom, você vai achar estranho, afinal sendo eu assistente de quem sou; mas não gosto de cinema. Eu prefiro as artes plásticas.
Joey achou, de fato, um pouco estranho, mas recebeu aquela afirmação com mais afinidade do que gostaria. Sorriu de lado e caminhou até a próxima pintura. John permaneceu parado, aproveitando que a Joey estava de costas para ele, para observá-la caminhar.
John: - Joey... – Ela se vira e olha pra ele. – Você e o Dawson... – pausa – Estão juntos a muito tempo, eu suponho.
Joey: - Eu e o DAWSON! – antes que ela pudesse responder, Dawson chega ao corredor e sorri para os dois.
Dawson: - Ei! Aí está você! Andei por todo o salão te procurando. – Entrega a ela a taça com o drink. – John. – aperta a mão dele.
John: - Vocês vão me desculpar, eu preciso encontrar o Spielberg agora. – pega a mão da Joey e dá um beijo suave; aperta novamente a mão do Dawson. – Com licença. – e se retira.
D: - Bem que você falou. Ele é estranho.
Joey não responde, apenas força um sorriso, pois ainda estava com a cabeça anuviada com a curta conversa que teve com John. Um John totalmente diferente da primeira impressão e da última; já que os abandonou tão bruscamente.
D: - Para casa E.T.?
J: - Sim, Elliot. – aponta o dedo pra ele, brincando, tentando imitar a voz do E.T. de um jeito engraçado.

Na praia de Capeside, Andie e Pacey estão deitados no capuz do carro, olhando para o céu, do lado deles uma garrafa de champanhe vazia. Andie senta, pega a garrafa e dá um gole frustrado.
Andie: - Acabou! – faz um bico para o Pacey, enquanto tenta fazer cair algum último pingo da garrafa.
Pacey: - McPhee sua pinguça! Não deixou nada pra mim! – senta também.
Andie: - Mentiroso! Você que tomou quase tudo. Não tem mais nenhuma outra garrafa escondida na mala do carro?
P: - Nooops! – olhando pro rosto dela por uns segundos.
A: - PACEEEEY, VOCÊ CONSEGUIIIU!!! – ela finalmente se meche e vibra animada, cutucando ele.
P: - Yeaaah, McPhee... consegui não foi?! UAU! Surreal. Não sabia que o gosto da satisfação de saber que vou pra faculdade era tão bom.
Andie sorri e olha pra ele. Ele a encara, sorrindo também.
P: - Não sei se agradeci, mas devo isso a você. Muito obrigado. – passa a mão no cabelo dela, fazendo cair acidentalmente a fivela cor de rosa que prende sua franja. Ela olha pra baixo timidamente, pensando e sorrindo um pouco. Pacey continua a olhá-la, por mais algum tempo, admirando-a. O cabelo de Andie brilha com a luz da lua. Ela continua de cabeça baixa, olhando pra fivela que está agora em suas mãos. Ele desperta da contemplação ao escutar risadas vindas do mar. Avista um casal dentro de um veleiro. Ele sorri da ironia. Andie percebe e fala:
- Amor verdadeiro.
P: - Yep. – deitar-se novamente no capuz do carro, apoiando a cabeça sobre as mãos, voltando a olhar o céu. Ela repõe a fivela no cabelo e continua sentada olhando pro barco que vai sumindo na escuridão do oceano.